ONG lamentam o “mau começo” da cimeira por não compensar países pobres
COP27
7 de nov. de 2022, 14:51
— LUSA/AO Online
A
Climate Action Network, Greenpeace e Power Shift Africa denunciaram,
numa conferência de imprensa, que, apesar da questão das perdas e danos
relacionados com o aquecimento global ter sido incluída na agenda da
COP27 (27ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas de
2022, a decorrer em Sharm el-Sheikh), não foi estabelecido qualquer
mecanismo para o seu financiamento."Infelizmente,
a única forma de resumir como vai a COP27 é com duas palavras: mau
começo", disse o diretor da organização não-governamental (ONG) Power
Shift Africa, Mohamed Adow.O queniano
denunciou que, apesar desta conferência estar a ser realizada em África,
cujos países se encontram entre aqueles que mais sofrem com as
alterações climáticas, esta cimeira não proporcionou a oportunidade de
"mobilizar o financiamento de que os países vulneráveis necessitam para
poderem fazer face aos danos e perdas".Também
acusou as principais economias mundiais, especialmente as europeias, de
"intimidarem os países vulneráveis a aceitarem um prazo de dois anos
para negociar" um acordo que não incluiria "compensação e
responsabilização pelos poluidores históricos"."Não
podemos permitir que a COP27 se torne uma farsa. Não podemos deixar que
isso aconteça", disse Adow, que também recordou que com a guerra na
Ucrânia, os países que na cimeira de Glasgow do ano passado se
comprometeram a pôr fim ao financiamento dos hidrocarbonetos, agora
"querem transformar África na estação de gás da Europa".A
diretora executiva da Climate Action Network International, Tasneem
Essop, exortou os países ricos a reduzir as emissões "mais rapidamente"
do que os países em desenvolvimento. Essop vai mais longe e afirma que a
redução do aumento da temperatura para 1,5 graus celsius está a ser
afetada pela "falta de compromisso, implementação e financiamento".Na
mesma linha, o diretor de campanhas da Greenpeace MENA, Ahmad El
Droubi, recordou que o compromisso de financiamento de 100 mil milhões
de dólares (100,185 mil milhões de euros) para ajudar os países pobres a
mitigar os problemas causados pelas alterações climáticas "não foi
cumprido", apesar de ter sido aprovado em 2009.O
diretor de campanhas da ONG questionou, ainda, a "qualidade" deste
financiamento, uma vez que estimou que 17% será sob a forma de
empréstimos, algo que "colocará as economias do Sul global em dívida".