ONG denuncia compra e venda de armas por Espanha a Israel, Sánchez nega
7 de mai. de 2025, 17:17
— Lusa/AO Online
Espanha decretou um
bloqueio de compra e venda de armas a Israel na sequência da operação
militar de Telavive no território palestiniano da Faixa de Gaza, em
resposta a um ataque do grupo islamita Hamas de 07 de outubro de 2023
que visou o sul do território israelita.Segundo
um relatório divulgado pela ONG espanhola Centro Delàs, feito com
base em dados oficiais públicos dos dois países, houve 134 operações e
compra e venda de armas entre Israel e Espanha desde 07 de outubro de
2023.Foram, segundo os cálculos da
organização, 46 contratos de compra adjudicados pelo Governo espanhol a
empresas israelitas, a par de 88 envios de material desde Espanha para
Israel.A ONG acrescenta, no mesmo
relatório, que os dados publicados pelos dois países não coincidem e que
detetou "incongruências" quando os comparou.Como
exemplo, refere que Israel declarou 88 importações desde Espanha com o
"código 93", que corresponde a armas e munições, num valor de 5,3
milhões de euros, cinco vezes mais do que as exportações declaradas por
Espanha.Os 46 contratos adjudicados por
Espanha a empresas israelitas ascendem a um valor de 1.044 milhões de
euros e, ressalva a ONG, uma dezena estavam por concretizar quando foi
concluído o relatório.Numa conferência de
imprensa hoje em Madrid, dois elementos da ONG e a ativista Nadwa Abu
Gazala, da Rede Solidária contra a Ocupação da Palestina (RESCOP),
acusaram o Governo de Espanha de manter contratos com a indústria
militar israelita e também de facilitar as exportações da indústria de
defesa espanhola para Israel.Para estas
organizações, o Governo de Espanha lançou ainda "uma campanha de
desinformação" sobre esta questão "para enganar a população".O
primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, assegurou hoje no
parlamento nacional que, juntamente com a Irlanda, Espanha "é o único
país da Europa que decidiu paralisar tanto a venda como a compra de
armamento a Israel desde o início da ofensiva em Gaza" e continua a
respeitar esse compromisso.Sánchez
garantiu que os contratos referidos pelas ONG e partidos da oposição são
mal interpretados e divulgados com imprecisões, estando em causa não a
compra ou venda de armas, mas outro tipo de material, como coletes
antibala, para as forças de segurança, ou componentes “absolutamente
imprescindíveis” para a reparação e manutenção de equipamentos das
polícias e forças armadas espanholas.Sobre
o relatório de hoje do Centro Delàs, o líder do Governo afirmou que
contém igualmente dados imprecisos porque aquilo que está em causa são
"exportações temporárias" para reparações de equipamentos das Forças
Armadas que não podem ser feitas em Espanha.Assim,
garantiu, são equipamentos enviados para Israel que regressarão a
Espanha após a reparação, sem que sejam materiais para uso do exército
ou do Estado israelitas."Espanha foi e continua a ser dos países mais comprometidos com a paz no Médio Oriente e com o futuro da Palestina", sublinhou.