Ondulação frontal passou a sueste de Santa Maria e não atingiu grupo Oriental
12 de out. de 2023, 11:24
— Lusa/AO Online
“De
facto, o que aconteceu [foi que] a parte mais ativa da ondulação
frontal que estava prevista atravessar o grupo Oriental no dia de ontem
[quarta-feira], passou, felizmente, a sueste da ilha de Santa Maria”,
explicou à agência Lusa a meteorologista Rita Mota, da delegação do IPMA
nos Açores.O IPMA emitiu na quarta-feira
um aviso vermelho, o mais grave, para o grupo Oriental dos Açores (São
Miguel e Santa Maria), devido à previsão de "precipitação por vezes
forte, podendo ser acompanhada de trovoada", entre as 15h00 e as 21h00, passando depois a aviso amarelo até às
24h00.Segundo Rita Mota, as previsões não
se verificaram, tendo ocorrido precipitação ao longo da tarde, mas “os
núcleos mais ativos” foram a sueste da ilha de Santa Maria, não
afetando, como previsto, as ilhas do grupo Oriental, “de modo particular
(…) a parte leste da ilha de São Miguel e a ilha de Santa Maria”.O
sucedido pode ser explicado por “vários fatores”: “Os modelos
apontavam-nos num sentido (…). Essa ondulação frontal estava associada a
um pequeno núcleo depressionário. Basta esse núcleo se desviar
ligeiramente da trajetória prevista, digamos assim, para que as
condições onde a atividade, em termos de precipitação será maior, também
se desloquem”.No caso concreto, a
meteorologista esclareceu que o núcleo “se desviou ligeiramente, não
seguiu a trajetória exata que estava prevista, daí a maior atividade em
termos de precipitação ter também ocorrido numa localização diferente”.Ao
longo de toda a tarde ocorreu precipitação “mais contínua e um pouco
mais intensa” na ilha de Santa Maria, mas a maior parte “caiu no mar”.Rita
Mota salientou que o alerta vermelho corresponde a uma “situação
pontual e extraordinária” e foi ativado para as ilhas do grupo Oriental
do arquipélago dos Açores, perante os dados indicados pelos modelos das
previsões.“Havia, de facto, condições para
aviso vermelho. Foi isso que fizemos. Emitimos o aviso. Também após
alguma discussão, há que tomar a decisão. Temos que pensar qual é a
nossa missão (…). Havendo as condições, temos que depois seguir o
protocolo que está indicado nas nossas funções”, explicou.Sobre
as razões que podem explicar o que ocorreu, a meteorologista do IPMA
referiu que é “um pouco prematuro falar em alterações climáticas”,
lembrando que os estudos referem que as situações mais extremas “serão
cada vez mais frequentes”.No caso dos
Açores, observou que os modelos, “por mais que possam ter uma escala
mais limitada, não conseguem detetar se é terra [ou] se é mar” e a
incerteza “estará sempre associada a estas questões” em que “temos muito
mar e pouca terra”.Devido ao alerta
vermelho, os estabelecimentos de ensino das duas ilhas encerraram na
tarde de quarta-feira, bem como “todas as valências da área social, sob a
responsabilidade da vice-presidência do Governo dos Açores” que
implicassem a deslocação dos utentes para a sua frequência.A
Proteção Civil dos Açores também pediu aos bombeiros de São Miguel e
Santa Maria que reforçassem o número de elementos nos quartéis, tendo em
conta a previsão de agravamento do tempo.O
Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores informou hoje
em comunicado que “não foram registadas ocorrências relacionadas com o
mau tempo”.O aviso vermelho é o mais grave de uma escala de três (vermelho, laranja e amarelo).