Onda de calor na Europa faz cair recordes de temperatura em França e Reino Unido
19 de jul. de 2022, 11:16
— Lusa/AO Online
O segundo fenómeno do género,
em apenas um mês na Europa, resultou também em violentos incêndios na
Península Ibérica e em França.A
multiplicação das ondas de calor é uma consequência direta do
aquecimento global, segundo os cientistas, com as emissões de gases de
efeito estufa a aumentarem de intensidade, duração e frequência.Em França, o mapa ficou ‘vermelho’ em grande parte da costa atlântica, com 15 departamentos em alerta para a onda de calor.Recordes
de temperatura foram quebrados em várias cidades: 39,5 graus
centígrados (39,5°C) em Saint-Brieuc, 42°C em Nantes ou 42,6°C em
Biscarosse, segundo dados a Météo France.O recorde absoluto deste país, 46 graus centígrados, foi alcançado em 28 de junho de 2019 em Vérargues (Sul).Cerca
de 8.000 pessoas foram hoje retiradas preventivamente em dois distritos
de La Teste-de-Buch (sudoeste), cidade na bacia turística de Arcachon,
afetada por um grande incêndio durante vários dias, à beira do rio
Atlântico, revelou a autarquia.O
responsável dos bombeiros de Gironde, Marc Vermeulen, registou a
existência de incêndios “fora do padrão” e sublinhou que se observaram
fenómenos inéditos, onde “o fogo explode literalmente” e “estouram os
troncos de pinheiro de 40 anos”.Noutra região afetada, Landiras, no sul do Gironde, cerca de 8.000 pessoas também tiveram hoje que deixar suas casas.Mais
de 15.500 hectares de vegetação já foram queimados naquele departamento
e cinco parques de campismo foram evacuados nos últimos dias, afetando
cerca de 6.000 turistas.No Reino Unido, os
termómetros registaram 38,1 graus centígrados no leste de Inglaterra, a
temperatura mais alta este ano e a terceira alguma vez registada.Pela
primeira vez, a British Health Security Agency emitiu um alerta de
nível 4, o nível mais alto, que corresponde a uma emergência nacional,
alertando para os riscos que o calor representa mesmo para os jovens e
saudáveis.De resto, as temperaturas mais
altas para o Reino Unido são esperadas para terça-feira e podem
ultrapassar o limite de 40 graus centígrados pela primeira vez no país.O recorde data de 25 de julho de 2019, com os 38,7 graus registados em Cambridge, no leste da Inglaterra.Algumas escolas vão continuar encerradas, sendo também esperadas grandes interrupções no transporte.O País de Gales já superou o seu recorde com 37,1 graus centígrados, e
em Kew Garens, Londres, foram registados 37,5 graus.Esta
onda de calor levou ainda à suspensão do tráfego no aeroporto de Luton,
em Londres, devido aos danos provocados sobre uma parte da pista devido
às temperaturas elevadas.Na Península
Ibérica, além de Portugal, também Espanha foi afetada pela onda de
calor, com temperaturas acima dos 40 graus centígrados, que resultou em
vários incêndios que já devastaram dezenas de milhares de hectares.Quase todo o território espanhol permaneceu em alerta de incêndio de “risco extremo”, o mais alto. "As
alterações climáticas matam pessoas (...) mas também o nosso
ecossistema, a nossa biodiversidade", destacou na segunda-feira o chefe
do governo espanhol, Pedro Sanchez.Incêndios violentos mataram um pastor no noroeste da Espanha, a segunda morte depois de um bombeiro, na mesma área, no domingo.Os
Países Baixos registaram, na segunda-feira, o seu dia mais quente do ano até agora,
com a temperatura a atingir os 35,4 graus na cidade de Westdorpe, no
sudoeste. Esta terça-feira, as temperaturas podem chegar aos 39 graus no
sul e centro.A Bélgica também teme
recordes de calor nesta terça-feira, pois o termómetro pode ultrapassar
os 40 graus centígrados em alguns locais, segundo o Instituto Real de
Meteorologia (IRM). Os horários foram reorganizados para certas atividades expostas ao calor.Cerca
de metade do território da União Europeia enfrenta atualmente um risco
de seca devido à prolongada falta de precipitação, o que expõe países
como França, Roménia, Espanha, Portugal e Itália a um provável declínio
nos rendimentos das colheitas, segundo a Comissão Europeia.