OMS recomenda vacinação contra a gripe para ajudar combate numa segunda onda
Covid-19
17 de set. de 2020, 12:08
— Lusa/AO Online
Os casos mais graves de
gripe podem requerer internamento hospitalar, o que sobrecarregaria os
serviços de saúde ainda a braços com numerosos casos de covid-19, e em
alguns casos os sintomas das duas doenças podem confundir-se e causar
alarme, por exemplo nas escolas, alertam os peritos. “Apelamos
especialmente às pessoas com condições médicas pré-existentes para que
se vacinem contra a gripe”, sublinhou, citado pela EFE, o diretor
de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan, numa sessão pública de
perguntas e respostas emitida pela agência das Nações Unidas através das
suas redes sociais.A diretora técnica da
OMS para a covid-19, Maria Van Kerkhove, acrescentou que estão a
observar-se “tendências preocupantes” na evolução da pandemia em países
do hemisfério norte, devido ao aumento de casos de coronavírus ainda
antes do início da temporada da gripe. Ainda
que muitos desses aumentos se devam a que muitos países estejam a
melhorar a sua capacidade de diagnóstico, e já não se detetem apenas
casos mais graves como na primeira onda da pandemia, “também há uma
preocupante subida das hospitalizações e da ocupação de unidades de
cuidados intensivos”, referiu a perita norte-americana.Van
Kerkhove mencionou que esta tendência está a ser observada em países
como Espanha ou França, no leste da Europa e em alguns estados dos EUA,
pelo que pediu maior cuidado, mesmo reconhecendo que o mundo está agora
“melhor preparado e não na mesma situação do que no princípio da
pandemia”.Ryan acrescentou que a principal
preocupação agora é que o aumento de casos de covid-19 e gripe aconteça
em simultâneo e que isso “dificulte enormemente” o trabalho de médicos e
enfermeiros a tratar os casos mais graves.O
responsável adiantou também que continua a não existir provas de que o
novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, aumente de virulência
com a baixa de temperaturas, como ocorre com a gripe.O
especialista, que afirmou que foram detetados casos de infeção de uma
mesma pessoa com gripe e covid-19, disse que o objetivo agora deve ser
“maximizar a taxa de sobrevivência e minimizar o tempo de
hospitalização” e para isso há que começar por baixar o número total de
contágios.Van Kerkhove disse que a taxa de
letalidade do novo coronavírus desceu para os 0,6%, “uma percentagem
que pode parecer baixa, mas que aumenta drasticamente entre os mais
idosos”.Ryan complementou a informação
explicando que “se não for encontrada uma vacina e a doença
hipoteticamente atinja 60% a 70% da população mundial, isso significaria
uma possibilidade de morrer entre 1% e 2%, bastante acima da de ganhar a
lotaria”.O diretor de Emergências
Sanitárias da OMS reconheceu que muitos países “encontraram uma maneira
de conviver com o novo coronavírus com um impacto mínimo na sociedade”,
mas referiu que, ainda assim, a pandemia continua a ser “esgotante para
todos, afetando planos, férias e estudos”.Sobre
o possível regresso aos confinamentos em massa, Van Kerkhove manifestou
a sua esperança em que um maior conhecimento da doença permita aplicar
medidas mais localizadas.“São necessários planos nacionais, mas com uma implementação o mais local possível, em zonas o mais reduzidas possível”, disse.Sobre
a possibilidade de reinfeção da covid-19, detetada ainda em poucos
casos, os peritos sublinharam que por agora não é uma grande
preocupação, mas não descartaram, por exemplo, que em caso de se
encontrar uma vacina esta tenha que ser inoculada todos os anos, como
acontece com a gripe.