OMS quer a criação de novas vacinas para a tuberculose

Saúde pública

22 de out. de 2007, 19:01 — Lusa / AO online

“A longo prazo é absolutamente necessário e é urgente desenvolver novas ferramentas ao nível do diagnóstico, medicamentos e vacinas”, declarou Veronique Vincent, responsável do Departamento “Stop Tuberculose” da Organização Mundial de Saúde (OMS) durante uma conferência em Lisboa promovida pela Fundação Luso-Americana. Em declarações à agência Lusa, esta investigadora explicou que os medicamentos que existem actualmente são os mesmos que eram usados já nos anos 70 e que estão a demonstrar uma eficácia reduzida. Quanto à vacina, Veronique Vincent sublinha que a BCG é a mais antiga das vacinas administradas hoje em dia e que apenas é eficaz nas crianças.   “A BCG não previne a transmissão de um modo global. Precisamos de uma vacina muito mais eficiente e que também seja eficiente nos adultos”, sustentou. Veronique Vincent lamenta que a investigação neste campo tenha sido negligenciada durante muitos anos, o que atribui ao facto de a tuberculose ter elevadas incidências apenas nos países mais pobres.   “Não tem havido interesse por parte da indústria e companhias farmacêuticas, mas as coisas estão a começar a mudar, até porque os casos de tuberculose aparecem muito ligados aos casos de HIV/Sida”, concluiu. Também a investigadora da Universidade brasileira de Pernambuco Haianna Schindler, igualmente presente na conferência, considerou ser necessário mais investimentos e pesquisa em novas vacinas, medicamentos e esquemas terapêuticos de combate à tuberculose Mais de 8,8 milhões de novos casos de tuberculose surgem anualmente no mundo, matando 1,6 milhões de pessoas. A maior incidência da doença é em África, Ásia e América do Sul e, segundo dados da OMS, um conjunto de 22 países totaliza 80 por cento dos casos mundiais de tuberculose. Brasil, Moçambique, Congo, Uganda, Tanzânia e Quénia são alguns dos países que integram esse conjunto. A conferência que decorreu ontem em Lisboa insere-se no projecto “Uma Solução Conjunta para as Doenças Tropicais: a Resposta Luso-Americana”, levado a cabo pela Fundação Luso-Americana e pelo NIH - agência norte-americana responsável pelo financiamento da pesquisa médica. Esta iniciativa, com três anos de duração, pretende desenvolver a colaboração na investigação da tuberculose, malária e VIH/sida, doenças que afectam particularmente o continente africano. O ano de 2007 está a ser dedicado à tuberculose, em 2008 será a vez da malária e em 2009 a sida, segundo explicou à Lusa Paulo Zagalo, responsável da FLAD. Para apoiar a investigação na área da tuberculose, a FLAD criou um prémio de 10 mil euros a atribuir a trabalhos científicos, pedagógicos ou políticos sobre diagnóstico, tratamento e prevenção da doença. Uma das condições de candidatura é a participação na conferência que ontem decorreu em Lisboa. Em Portugal, dados da Direcção Geral da Saúde indicam que o número de pessoas a sofrer de tuberculose respiratória tem vindo a diminuir desde 2001. As regiões mais afectadas com tuberculose respiratória são o norte (976 casos) e centro do país, sendo que o Porto (696) e Lisboa e Vale do Tejo (908) são as zonas que apresentaram mais casos em 2006, segundo o DGS.