“Os
dados epidemiológicos estão a ir na direção certa. […] Temos a sensação
de que o pico da pandemia pode ter passado”, explicou o representante
da OMS na Tunísia, Yves Souteyrand, demonstrando cautela.De
acordo com Yves Souteyrand, a variante Delta representa ainda “mais de
90% dos casos de infeção” e o impacto das reuniões familiares
organizadas durante a Festa do Sacrifício, “Eid al-Adha”, ainda não foi
possível se avaliado, mas corre o risco de impedir o progresso da
vacinação.A
Tunísia registou nos últimos sete dias a pior taxa de mortalidade do
mundo devido à Covid-19, com 10,64 mortes por 100 mil habitantes,
segundo a contabilização da agência de notícias AFP, elaborada a partir
de dados oficiais. No
entanto, a OMS especifica que Tunes partilha a informação relativa à
pandemia de forma muito mais transparente do que outros países.Com
hospitais saturados, falta de oxigénio e vacinas, o país magrebino tem
beneficiado de doações de todo o mundo, nos últimos dias.Segundo
Yves Souteyrand, a Tunísia “recebeu cerca de sete milhões de doses de
vacinas, em 10 dias, e vai receber talvez [mais] dois ou três milhões”
em breve.“O desafio é acelerar a campanha de vacinação”, realçou. O
Presidente tunisino, Kais Saied, tomou o poder, depois de ter
suspendido o parlamento na passada quarta-feira, uma medida denunciada
como um golpe pelos seus opositores. Saied
assumiu plenos poderes a 25 de julho, suspendeu o parlamento por pelo
menos 30 dias e afirmou pretender “salvar” o país do Magrebe, 11,7
milhões de habitantes, assolado por meses de bloqueios políticos e um
novo pico de Covid-19, com uma das piores taxas de mortalidade oficiais
do mundo.Desde
então, Kais Saied criou uma unidade de crise dedicada à gestão da
pandemia, que coordena as atividades de vários ministérios, com a
supervisão de um oficial militar sénior.“Qualquer
medida que permita uma resposta multissetorial […] para enfrentar uma
crise deve ter um impacto positivo”, comentou Yves Souteyrand.De
acordo com o responsável da OMS, as relações entre a organização da
Organização das Nações Unidas (ONU) e o Ministério da Saúde “não estão
afetadas pela crise política”.A OMS ofereceu 400 concentradores e quatro geradores de oxigénio à Tunísia.O Ministério da Saúde tunisino anunciou o lançamento de uma campanha de vacinação móvel em várias regiões do país.