OMS pede 115 ME para evitar desastre de saúde pública no Paquistão
4 de out. de 2022, 16:16
— Lusa/AO Online
“Em agosto, a
OMS canalizou 10 milhões de dólares (valor semelhante em euros) do
nosso Fundo de Contingência para Emergências para apoiar e aumentar a
resposta do setor de saúde” do Paquistão, mas “precisamos de 115
milhões”, anunciou Tedros Adhanom Ghebreyesus, num discurso feito
no ‘briefing’ do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA,
na sigla em inglês) sobre a resposta de emergência às inundações no
Paquistão.“Pedimos aos nossos doadores e
parceiros que apoiem este esforço”, apelou o responsável da OMS,
sublinhando que o país está “à beira de um desastre de saúde pública”.Fortes
chuvas de monção, provavelmente agravadas pelas mudanças climáticas,
afetam, desde junho, mais de 33 milhões de pessoas, inundando milhares
de hectares de terra e devastando várias infraestruturas, incluindo
hospitais e centros de saúde.“Muito mais
vidas do que as que foram perdidas nas enchentes podem ser perdidas nas
próximas semanas se não mobilizarmos mais apoio”, considerou
Ghebreyesus.De acordo com o diretor-geral
da organização, aproximadamente 10% de todas as instalações de saúde do
Paquistão ficaram danificadas pelas chuvas e inundações, deixando
milhões de pessoas sem acesso a cuidados de saúde.“A
quantidade de medicamentos essenciais e equipamentos médicos está
limitada” porque a maior parte foi destruída, sendo que os danos das
“estradas e pontes estão a impedir o acesso aos serviços”, explicou o
diretor-geral da OMS, acrescentando que “os mecanismos de vigilância e
encaminhamento de doenças foram severamente interrompidos”.Apesar
de elogiar o Governo do Paquistão pela “impressionante operação de
resgate e socorro” imediata, Ghebreyesus alertou para o sobrepeso do
executivo e a necessidade de apoio.“A água parou de subir, mas o perigo não”, garantiu.Segundo
explicou, o país enfrenta agora outros problemas como “surtos de
malária, cólera e dengue e um aumento de infeções de pele”, estimando-se
também que haja “mais de 2.000 mulheres a dar à luz todos os dias”, a
maioria das quais em condições inseguras.“É
necessária uma resposta urgente e robusta, apoiada por um financiamento
sustentável, para controlar a propagação de surtos, apoiar as
imunizações, abordar urgentemente a desnutrição aguda grave e fornecer
serviços de saúde essenciais para salvar vidas”, concluiu.De
acordo com o Governo paquistanês, um em cada sete cidadãos foram
afetados por esta catástrofe natural e mais de um milhão de casas foram
destruídas ou severamente danificadas.As
inundações já mataram mais de 1.500 pessoas, incluindo quase meio milhar
de crianças, de acordo com a Agência Nacional de Gestão de Desastres do
Paquistão.Um número que deverá aumentar à
medida que as equipas de resgate e de ajuda humanitária chegam a mais
áreas atingidas pelo desastre.O Paquistão está entre os dez países do mundo mais atingidos pelas alterações climáticas.