“Devemos assegurar o ensino aos
nossos filhos”, afirmou o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge,
sublihando que as crianças e adolescentes não são impulsionadores
principais do contágio e que o fecho de escolas não é eficiente.
Kluge frisou também que os confinamentos são “uma perda de recursos” e
que provocam muitos efeitos secundários, como danos na saúde mental ou
aumento da violência de género. De acordo com o mesmo responsável, esta medida seria evitável se o uso de máscaras fosse superior a 90% entre a população. Ter
mantido a maioria das escolas abertas na Europa durante quase 100 dias
seguidos é considerado um motivo de satisfação, já que o encerramento
pode afetar também a saúde mental dos jovens e ter consequências
sociais.Apesar de o uso de máscara não ser
“um remédio,” e de dever ser completado com outras medidas, quando se
verifica uma utilização inferior a 60%, é “díficil evitar
confinamentos”, disse, em conferência de imprensa digital, em Copenhaga,
sede do escritório regional da OMS.A
defesa das escolas e o uso de máscaras para evitar os confinamentos
foram duas das mensagens centrais de Kluge, que classificou como “grande
esperança na luta contra o vírus”, as notícias surgidas nos últimos
dias sobre avanços em vários ensaios de vacinas para a covid-19. A OMS reafirmou a importância de todos os países terem acesso às futuras vacinas.“A
vacina é muito importante, mas não é uma fórmula milagrosa”, referiu
Kluge, aludindo à necessidade de a completar com outras medidas de
proteção.A Europa registou mais de 15,7
milhões de casos, 28% de todo o mundo e mais de quatro milhões só em
novembro, enquanto as mortes rondam as 350.000, ou seja, 26% do total.
Mais de 80% dos países notificaram uma incidência elevada de novos
casos (mais de 100 por cada 100.000 habitantes) nos últimos 14 dias, e
em um terço registaram-se mais de 700 óbitos por 100.000 habitantes. “Nas
últimas duas semanas, as mortes por covid-19 aumentaram 18%. Na semana
passada, a Europa registou mais de 29.000 novas mortes, o que significa
uma pessoa a cada 17 segundos”, informou Kluge.A
segunda vaga de coronavírus provocou também “indícios crescentes”
relacinados com sistemas sanitários sobrelotados em França e na Suíça,
entre outros. Kluge destacou, porém, que o
número de novos casos na Europa baixou de dois milhões há duas semanas
para 1,8 milhões nos últimos sete días, uma descida atribuída ao
comportamento responsável dos cidadãos.