OMS avisa que pior da pandemia ainda está por vir

Covid-19

30 de jun. de 2020, 09:56 — Lusa/AO Online

No dia em que se assinalam seis meses desde que a OMS recebeu os primeiros relatos sobre casos de pneumonia inexplicados na China, Tedros Ghebreyesus afirmou que “a realidade é que isto ainda está longe de acabar”. “Globalmente, a pandemia está a acelerar”, ultrapassadas as barreiras de 10 milhões de casos e 500 mil mortos, indicou.Tratando-se de um vírus “rápido e assassino”, é preciso “evitar as divisões” porque “quaisquer diferenças podem ser exploradas” pelo novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, onde a OMS vai enviar “na próxima semana” uma equipa para “compreender como começou e o que se pode fazer no futuro” para o mundo se preparar para lidar com ele. “Com 10 milhões de casos e meio milhão de mortos, a não ser que resolvamos os problemas que identificámos, como OMS, de falta de unidade nacional e solidariedade global e de um mundo dividido que está a ajudar o vírus a espalhar-se, o pior ainda está por vir. Lamento dizer isto, mas com este tipo de ambiente e condições, tememos o pior. Temos de nos concertar e combater este perigoso vírus”, defendeu. “A nossa mensagem continua a ser a mesma, não se trata de um país, dois países ou três países”, salientou Ghebreyesus.O diretor executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que “é fácil criticar qualquer indivíduo ou país e não há nenhum país ou organização que esteja imune a críticas ou defeitos ou dificuldades na resposta” à pandemia.“Não podemos continuar a permitir que o combate a este vírus se torne um combate ideológico. Não conseguimos vencê-lo com ideologia. Cada pessoa, cada político, precisa de se olhar ao espelho e pensar se está a fazer o suficiente para travar este vírus”, defendeu.“Quando dizemos que é preciso evitar a politização do vírus, isso vai nos dois sentidos. Como indivíduos ou como sociedades, podemos ter de apoiar e encorajar um governo que não escolhemos e do qual não gostamos. Esse é a dificuldade e o desafio da unidade nacional contra um inimigo comum e nós não temos tempo para perder”, afirmou.A principal responsável técnica da OMS no combate à covid-19, Maria Van Kerkhove, frisou que o caminho é estar “do lado da ciência”.“Estamos a aprender com este vírus. Sabemos o que resulta. Não estamos a dizer que é fácil. Não estamos a dizer que não vai levar mais tempo e que vai ser difícil para cada um, para as famílias, para as comunidades e para as nações”, afirmou a norte-americana.Depois de seis meses, a OMS reitera hoje a receita para conseguir conter a transmissão, o que passa por ter as pessoas informadas do papel que assumem, quer transmitindo-lhes que “não estão indefesas” quer o facto de serem também responsáveis pelo que acontece às pessoas com quem estão em contacto, salientou Tedros Ghebreyesus.Suprimir a transmissão comunitária com medidas de distanciamento e higiene, salvar vidas dos mais vulneráveis tratando todos os casos, acelerar a investigação de vacinas e tratamentos e atingir um patamar de “liderança política e moral” são as outras prioridades apontadas pela OMS.