No dia em que se assinalam seis
meses desde que a OMS recebeu os primeiros relatos sobre casos de
pneumonia inexplicados na China, Tedros Ghebreyesus afirmou que “a
realidade é que isto ainda está longe de acabar”. “Globalmente, a pandemia está a acelerar”, ultrapassadas as barreiras de 10 milhões de casos e 500 mil mortos, indicou.Tratando-se
de um vírus “rápido e assassino”, é preciso “evitar as divisões” porque
“quaisquer diferenças podem ser exploradas” pelo novo coronavírus, que
surgiu em Wuhan, na China, onde a OMS vai enviar “na próxima semana” uma
equipa para “compreender como começou e o que se pode fazer no futuro”
para o mundo se preparar para lidar com ele.
“Com 10 milhões de casos e meio milhão de mortos, a não ser que
resolvamos os problemas que identificámos, como OMS, de falta de unidade
nacional e solidariedade global e de um mundo dividido que está a
ajudar o vírus a espalhar-se, o pior ainda está por vir. Lamento dizer
isto, mas com este tipo de ambiente e condições, tememos o pior. Temos
de nos concertar e combater este perigoso vírus”, defendeu. “A nossa mensagem continua a ser a mesma, não se trata de um país, dois países ou três países”, salientou Ghebreyesus.O
diretor executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael
Ryan, afirmou que “é fácil criticar qualquer indivíduo ou país e não há
nenhum país ou organização que esteja imune a críticas ou defeitos ou
dificuldades na resposta” à pandemia.“Não
podemos continuar a permitir que o combate a este vírus se torne um
combate ideológico. Não conseguimos vencê-lo com ideologia. Cada pessoa,
cada político, precisa de se olhar ao espelho e pensar se está a fazer o
suficiente para travar este vírus”, defendeu.“Quando
dizemos que é preciso evitar a politização do vírus, isso vai nos dois
sentidos. Como indivíduos ou como sociedades, podemos ter de apoiar e
encorajar um governo que não escolhemos e do qual não gostamos. Esse é a
dificuldade e o desafio da unidade nacional contra um inimigo comum e
nós não temos tempo para perder”, afirmou.A
principal responsável técnica da OMS no combate à covid-19, Maria Van
Kerkhove, frisou que o caminho é estar “do lado da ciência”.“Estamos
a aprender com este vírus. Sabemos o que resulta. Não estamos a dizer
que é fácil. Não estamos a dizer que não vai levar mais tempo e que vai
ser difícil para cada um, para as famílias, para as comunidades e para
as nações”, afirmou a norte-americana.Depois
de seis meses, a OMS reitera hoje a receita para conseguir conter a
transmissão, o que passa por ter as pessoas informadas do papel que
assumem, quer transmitindo-lhes que “não estão indefesas” quer o facto
de serem também responsáveis pelo que acontece às pessoas com quem estão
em contacto, salientou Tedros Ghebreyesus.Suprimir
a transmissão comunitária com medidas de distanciamento e higiene,
salvar vidas dos mais vulneráveis tratando todos os casos, acelerar a
investigação de vacinas e tratamentos e atingir um patamar de “liderança
política e moral” são as outras prioridades apontadas pela OMS.