Omissão do desporto no PRR é “desprezo do valor” do setor
UE/Presidência
17 de fev. de 2021, 18:57
— Lusa/AO Online
Segundo
José Manuel Constantino, que encabeça o Comité Olímpico de Portugal
(COP), este desprezo significa “não levar em linha de conta as
necessidades do país”.O dirigente olímpico
admitiu, à Lusa, que esperava que “este instrumento estratégico
refletisse” uma preocupação com o desporto e a atividade física, a par
de recomendações internacionais e outros países europeus.“Infelizmente,
não reflete. O que verificamos é uma total ausência de aproveitamento
do potencial do desporto para os diferentes eixos definidos para o
plano”, atira.Mesmo após o COP ter
“vertido para o Governo um acervo muito significativo de orientações
internacionais e posições nacionais”, esta perspetiva não foi tida em
conta, e Constantino critica a forma como esta omissão está em linha com
a “insuficiência ou ausência completa da atividade física e desportiva
na agenda política do Governo”.Esperando
ainda que “a discussão pública possa, de algum modo”, reverter a
situação, o presidente do organismo admite continuar a trabalhar com
esse fim, porque “a promoção da atividade física e desportiva é
essencial”, do ponto de vista da saúde e para “estar à altura dos
desafios”.“O que o Governo está a fazer
está ao arrepio do que são orientações internacionais e boas práticas
dos países europeus. Está completamente isolado. É agravado, depois,
pela circunstância política de ter a presidência da União Europeia, e
dever ter a obrigação não de estar atrás, mas de ter posição liderante
sobre esta matéria”, atirou.Se “não havia
como evitar” o impacto da pandemia de covid-19 no setor, “havia como o
menorizar”, pelo que o falhanço em “adotar procedimentos de correção”
terá, diz, “efeitos imediatos, e também a médio e longo prazo” no
desporto nacional.As críticas de José
Manuel Constantino seguem-se a um comunicado do COP sobre a matéria,
criticando a ausência no PRR de “muita das preocupações enunciadas” no
documento Estratégia Portugal 2030.O PRR
prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e
digitalização, num total de 13.900 milhões de euros em subvenções.O
organismo presidido por José Manuel Constantino acentua a “manifesta
incongruência com as orientações da Estratégia Portugal 2030, que
configura o referencial de vários instrumentos de política a adotar no
futuro próximo, para impulsionar a recuperação económica e social do
País, tendo presentes os danos causados pela pandemia, a qual consagra o
ativo do desporto em domínios como a transição digital, o
envelhecimento ativo, a provisão de serviços de interesse geral, o
turismo e a economia do mar”.“E embora se
reconheça, no documento agora apresentado, a fraca aposta na promoção da
saúde e na prevenção da doença - dois aspetos decisivos para responder
pró-ativamente à evolução das necessidades em saúde da população e para
garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde, e de proteção social
-, não valoriza uma componente essencial da promoção da saúde das
populações que é o do aumento dos indicadores de atividade física e
desportiva, particularmente, junto das populações infantojuvenis e
seniores”, acrescentou.