Autor: Lusa/AO On line
“Marque um golo: Erradique o Trabalho Infantil” foi o lema escolhido para 2010 pela OIT, que todos os anos reúne governos, associações de empregadores e trabalhadores e a sociedade civil contra um “flagelo” que atinge milhões de crianças.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), várias personalidades do mundo do futebol darão este ano o seu apoio à causa, que até 2016 pretende eliminar as piores formas de trabalho infantil: escravatura, tráfico, servidão, prostituição, pornografia e trabalho forçado, incluindo o recrutamento para conflitos armados, bem como trabalhos suscetíveis de prejudicar a saúde, segurança ou moralidade da criança.
A OIT assinala que os progressos na luta contra o trabalho infantil variam conforme as regiões do globo e considera que são “insuficientes e demasiados lentos”.
A organização alerta que a principal causa do trabalho infantil é a pobreza e que os países que conseguem resultados mais significativos são os que atacam a raiz do problema, sendo fundamental a ação dos governos em três áreas – programas de ajuda a famílias e crianças, trabalho digno para os adultos e educação de qualidade.
De acordo com estimativas da UNESCO, 72 milhões de crianças em idade de frequentar o 1.º ciclo (das quais mais de metade são meninas) e 71 milhões em idade para estar no 2.º e 3.º ciclos não estão matriculadas.
Entre as crianças matriculadas, muitas não vão regularmente à escola.
“Em demasiados países, a educação tem falta de meios. Pura e simplesmente não há professores ou escolas suficientes”, segundo a OIT, que pede “maior prioridade” para a educação quando são tomadas decisões orçamentais.
O relatório de 2010 da organização refere o momento crítico que o mundo atravessa devido à crise e sublinha que, apesar de alguns progressos a nível mundial, existem motivos de preocupação.
Verifica-se um declínio do trabalho infantil entre as meninas e as crianças envolvidas em trabalhos perigosos. No entanto, “no cômputo geral, existem indicadores de um progresso desigual: os resultados não são suficientemente rápidos ou abrangentes para atingirmos os objetivos a que nos propusemos”, escreve o diretor geral da OIT, Juan Somavia.
O relatório descreve um abrandamento do ritmo de redução global desde 2006 e indica que o trabalho infantil no grupo dos adolescentes de 15 a 17 anos de idade aumentou.
“Na África subsariana, os progressos estagnaram – um resultado dececionante”, lamenta, acrescentando que África tinha sido identificada, no último relatório, como uma região que precisava de uma atenção especial.
O facto, conclui, “é que aproximadamente 215 milhões de crianças em todo o mundo continuam presas ao trabalho infantil”.