Oficiais de justiça em greve fazem protesto no Campus de Justiça
1 de fev. de 2023, 12:00
— Lusa/AO Online
Carlos Almeida,
presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ) disse à Lusa
estarem em causa três reivindicações antigas e ainda não concretizadas
pelo Ministério da Justiça, a primeira das quais relativa ao aumento do
número de efetivos, matéria que exige a abertura de ingressos para a
profissão.Apesar de a ministra da Justiça,
Catarina Sarmento e Castro, ter anunciado um reforço de 200 elementos, o
presidente do SOJ contrapõe que esse número é manifestamente
"insuficiente" face ao défice de oficiais de justiça. Segundo
Carlos Almeida, para preenchimento do quadro legal previsto faltam mais
de 1.500 oficiais de justiça, mas mesmo este número está abaixo das
necessidades reais dos tribunais. A estimativa do SOJ é que são
necessários cerca de 2.000 oficiais de justiça.A
segunda reivindicação por cumprir pelo Ministério da Justiça, segundo o
dirigente sindical, prende-se com a concretização das promoções que são
devidas há mais de três anos, tendo o Ministério da Justiça informado
já o Ministério das Finanças de que estas promoções são fundamentais
para o normal funcionamento dos tribunais.A
terceira reivindicação do SOJ relaciona-se com a exigência da
integração do suplemento de recuperação processual. O orçamento de
Estado de 2020 já determinava verba para o efeito, mas o Governo não
cumpriu a previsão orçamental, tendo, na altura, a então ministra da
Justiça, Francisca Van Dunem, justificado que tal incumprimento se
prendia com "uma série de vicissitudes", conforme relatou o dirigente do
SOJ.Carlos Almeida garantiu à Lusa que o
sindicato só retira o pré-aviso de greve por tempo indeterminado, todas
as tardes das 13:30 às 24:00, se as reivindicações forem satisfeitas
pelo Governo. Segundo o SOJ, a greve dos
oficiais de justiça, que tem sido realizada todas as tardes desde 10 de
janeiro, levou já ao adiamento de milhares de diligências, nomeadamente
com "cidadãos detidos/presos que acabam por ver os prazos de detenção
arrastados para os limites máximos legais ou, como também tem ocorrido,
colocados em liberdade de imediato, por despacho, sem serem ouvidos,
como ocorreu já em alguns tribunais".O SOJ anunciou também uma concentração na quinta-feira junto ao Palácio da Justiça de Leiria, a partir das 13h30.