Oficiais de justiça criticam acordo com Governo e manifestam-se pela revisão da tabela salarial
13 de set. de 2024, 16:37
— Lusa/AO Online
A
concentração foi desencadeada por um movimento espontâneo de
trabalhadores, em cujas reivindicações o Sindicato dos Oficiais de
Justiça (SOJ) também se revê e apoia, esperando abrir novo processo
negocial com a tutela, depois do acordo de junho que consagrou o aumento
do suplemento de recuperação processual.“A
ministra da Justiça tornou público que estavam representados 87% dos
oficiais de justiça e a verdade é que nem sequer 40% dos oficiais de
justiça se revê nesse acordo. A esmagadora maioria não se revê, quer que
haja negociações sérias, uma revisão da tabela salarial e que este
sindicato possa levar a cabo esse desiderato que a carreira quer”, disse
à Lusa o presidente do SOJ, Carlos Almeida. O
dirigente esclareceu já ter pedido uma reunião à ministra Rita Alarcão
Júdice, mas criticou a ausência de resposta da tutela, assegurando
também que o acordo não trouxe paz aos tribunais, depois de mais de um
ano de greves sucessivas (e que se mantêm da parte do SOJ).“A
conflitualidade continua a existir. A procuradora-geral da República
salientou há pouco tempo no parlamento: só vamos ter conhecimento do
impacto destas greves daqui a um ano ou dois, mas nós, nas secretarias
judiciais, já temos a perceção de que serão milhares e milhares de
processos que vão prescrever ou já estão a prescrever neste momento”,
disse. Carlos Almeida denunciou também que
é necessário travar violações ao estatuto profissional da carreira
antes da elaboração de um novo estatuto, ao apontar como exemplo o
último concurso aberto, e referiu que só a revisão imediata da tabela
salarial pode conferir maior atratividade à carreira.“Tem
de ser revista, há mais de 20 anos que não é revista. Essa é a
prioridade, até para tornarmos a carreira atrativa e que se possa
integrar pessoas na carreira e manterem-se no exercício das funções de
oficial de justiça”, sustentou, continuando: “O Estado de Direito não
está a ser realizado em Portugal, pelo menos nas secretarias, e isso tem
de ter um fim”.A apresentação da proposta
de Orçamento do Estado em outubro é, no entender do líder do SOJ, o
prazo limite para encontrar uma solução que vá ao encontro dos anseios
da classe.“Esperamos que venha lá
contemplada a verba para dar resposta aos problemas dos oficiais de
justiça. Se depois dessa data percebermos que não está lá colocada essa
verba, teremos de enveredar por outras formas de luta que não só a
greve”, avisou.