Governo apresenta hoje aos partidos linhas gerais da proposta
OE/2021
6 de out. de 2020, 08:47
— Lusa/AO Online
As reuniões, que se realizam ao abrigo do
Estatuto do Direito de Oposição, terão lugar na Assembleia da República,
a partir das 09:30, e abrangerão os partidos com representação
parlamentar (à exceção do PS, que sustenta o Governo), bem como as duas
deputadas não inscritas.O primeiro partido a ser recebido será o PSD, seguindo-se, durante a manhã, BE, PCP, CDS-PP, PAN e Verdes.À
tarde, as reuniões serão retomadas às 14:30 com o Chega, seguindo-se a
Iniciativa Liberal, a deputada Joacine Katar Moreira (ex-Livre) e a
deputada Cristina Rodrigues (ex-PAN).O Governo já informou que pretende entregar a proposta de Orçamento do Estado na Assembleia da República no dia 12 de outubro.Numa
altura em que o documento não tem ainda aprovação garantida, o
secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares avisou na sexta-feira os
parceiros de negociação à esquerda que os avanços já registados nas
conversações - em matérias como saúde, direitos laborais e políticas de
rendimentos - têm como pressuposto a viabilização da proposta orçamental
do Governo.Durante o fim de semana, a
coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou que as negociações com o
Governo estavam num “impasse negocial em questões fundamentais”. No
entanto, Catarina Martins recusou fazer cenários e garantiu que os
bloquistas estão “muito empenhados em criar soluções”.Por
sua vez, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, repudiou “toda e
qualquer tentativa de condicionar” as decisões do partido e assegurou
que os comunistas estão a trabalhar para que o orçamento tenha uma
resposta “tão ampla e profunda” quanto os problemas do país.“O
PCP intervém na discussão do Orçamento do Estado de 2021 para responder
aos problemas económicos e sociais que atingem os trabalhadores, o povo
e o país e não para responder a crises políticas criadas
artificialmente ou condicionado pelo critério dos que pensam que têm o
monopólio da definição do interesse nacional”, salientou.Já
o primeiro-ministro, António Costa, reiterou no domingo que o governo
está a “trabalhar com todos os partidos” para este orçamento, mas deixou
em aberto a possibilidade de um entendimento mais amplo para o futuro.“Neste
momento, estamos a trabalhar com todos os partidos para o Orçamento de
2021 e, com alguns deles, na perspetiva de termos um horizonte mais
estável, no horizonte da legislatura, mas isso temos de aguardar”,
frisou o líder do executivo.A votação na generalidade do OE2021 está marcada para 28 de outubro e a votação final global para 27 de novembro.No
documento que o Governo apresentará dia 12 no Parlamento ficar-se-ão a
conhecer as novas estimativas do executivo para 2021, mas também as
novas estimativas de execução do exercício orçamental de 2020.Em
Dezembro do ano passado, quando apresentou a proposta de OE2020, o
Governo previa que a economia crescesse 1,9% este ano e que o saldo
orçamental registasse um excedente de 0,2% do Produto Interno
Bruto(PIB).Estas estimativas foram, no entanto, totalmente ultrapassadas devido à covid-19.Em
maio, ainda num clima de grande incerteza, o Governo apresentou o
Programa de Estabilidade, mas decidiu não fazer qualquer tipo de
previsão.Mas em junho, quando apresentou a
proposta de Orçamento Rectificativo para 2020 já apontava para que o
saldo orçamental passasse de um excedente de 0,2% do PIB para um défice
de 6,3%. Uma estimativa que já foi ultrapassada prevendo-se agora um
défice de 7% do PIB.Já ao nível do
andamento da economia, a última estimativa do Governo, no âmbito do
Orçamento Retificativo, aponta para uma recessão de 6,9% em 2020 e um
regresso ao crescimento em 2021 com uma taxa de 4,3%.Quando
determinou um aumento salarial de 0,3% para 2020, o Governo tinha
avançado que os aumentos em 2021 deveriam ser, pelo menos, ao nível da
inflação prevista na altura, ou seja, 1%. No entanto, em maio, no
Parlamento, a ministra da Modernização do Estado e da Administração
Pública, Alexandra Leitão, admitiu que esse compromisso poderia não ser
cumprido, sublinhando seria "prematuro" tomar uma decisão sobre o
assunto devido ao impacto da covid-19.Além
do encontro de hoje, a convocatória prevê uma segunda reunião, a
realizar em 09 de outubro, a poucos dias de o Governo entregar na
Assembleia da República a proposta do OE2021.