Oceanos podem armazenar mais carbono do que se julgava
6 de dez. de 2023, 16:23
— Lusa
As conclusões são de uma equipa
internacional de cientistas, que analisaram o papel do plâncton no
transporte natural do carbono das águas superficiais para o fundo do
mar, e foram hoje publicadas na revista “Nature”.O
plâncton vegetal, refere um comunicado sobre o estudo, absorve dióxido
de carbono (CO2) no processo de fotossíntese. Quando os organismos
planctónicos morrem transportam esse CO2 para o fundo, em partículas
conhecidas como "neve marinha". Sendo
mais densas do que a água do mar, estas partículas vão para o fundo do
mar, armazenando assim carbono e fornecendo nutrientes essenciais a uma
vasta gama de organismos de profundidade, desde pequenas bactérias a
peixes de profundidade.Os cientistas
analisaram dados que foram recolhidos em todo o mundo por navios
oceanográficos, desde a década de 1970, e mapearam digitalmente os
fluxos de matéria orgânica em todos os oceanos do mundo.“A
nova estimativa resultante da capacidade de armazenamento de carbono é
de 15 gigatoneladas por ano, um aumento de cerca de 20% em comparação
com estudos anteriores (que calculavam 11 gigatoneladas por ano)
publicados pelo IPCC (organismo científico da ONU sobre alterações
climáticas) no seu relatório de 2021”, diz o documento.O
estudo, dizem os responsáveis, nomeadamente do Centro Nacional de
Pesquisa Científica (CNRS, na sigla original), um organismo público
francês, representa “um avanço significativo” na compreensão das trocas
de CO2 entre a atmosfera e o oceano. A
equipa sublinha que o processo de absorção se desenrola ao longo de
dezenas de milhares de anos e por isso não é suficiente para compensar o
aumento exponencial das emissões de CO2 provocado pela atividade
industrial mundial desde 1750.Mas destaca a
importância do ecossistema oceânico como um dos principais
intervenientes na regulação a longo prazo do clima global.