Observatório UMAR regista 28 mulheres assassinadas em 2018
Violência doméstica
18 de fev. de 2019, 17:49
— Lusa/AO Online
“O
contexto desta vitimação foi a intimidade, presente ou passada, ou
relações familiares próximas”, lê-se no relatório do Observatório das
Mulheres Assassinadas, trabalho realizado com base nas informações
transmitidas pela comunicação social.A UMAR destaca, por isso, que sem dados oficiais não é possível uma leitura de toda a realidade. Ainda assim, os números reunidos pelo observatório, indicam 503 femicídios entre 2004 e 2018. “Dos
dados administrativos existentes, concluímos que em alguns anos, a sua
incidência é menor, contrastada com anos em que se regista um aumento”,
lê-se no documento. Em
termos absolutos há mais assassínios de homens do que de mulheres, mas a
maioria das vítimas masculinas é assassinada por outros homens,
refere-se no relatório.As
mortes das mulheres neste contexto, surgem maioritariamente como “o
culminar de uma escalada de violência, perpetrada no seio de uma relação
de intimidade, vivências relacionais que assentam numa lógica de poder e
controlo estrutural”, que mantém as mulheres “cativas em relações aos
que as vitimam”.“Estamos
convictas de que não seremos capazes de conseguir baixar o femicídio
para níveis residuais enquanto mantivermos a reprodução das causas
estruturais de desigualdade entre homens e mulheres, as quais legitimam a
discriminação de género, geradora de violência”, afirmam as mulheres da
UMAR. A UMAR
afirma-se de luto pela morte hoje conhecida de uma mulher na Golegã, em
mais um ato criminoso alegadamente perpetrado pelo ex-companheiro.“É
mais um dia de luto para Portugal e para todos os que defendem os
direitos humanos”, afirma a UMAR, reclamando medidas políticas e
aplicação da legislação já existente.Por
idades, os dados do ano passado revelam uma maior incidência em vítimas
com mais de 65 anos (39%) e entre os 36 e 50 anos (29%), apesar de o
crime se verificar em todas as faixas etárias.A
maioria dos autores dos crimes tinha idades entre os 36 e os 50 anos,
seguindo-se o grupo etário dos 51 aos 64 anos, de acordo com os dados
recolhidos pelo Observatório.