Observatório dos Açores para as Dependências a funcionar ainda este ano
Hoje 09:15
— Ana Carvalho Melo
A Universidade dos Açores e a Direção
Regional de Prevenção e Combate às Dependências assinaram um protocolo
para garantir o rigor científico do novo Observatório dos Açores para as
Dependências, que estará a funcionar ainda este ano e fornecerá dados
específicos para apoiar estratégias locais de prevenção.Segundo
Pedro Fins, diretor regional de Prevenção e Combate às Dependências, o
Observatório dos Açores para as Dependências garantirá informação
específica sobre os Açores.“Até agora, os únicos estudos e
inquéritos realizados na região são provenientes do ICAD, Instituto dos
Comportamentos Aditivos e das Dependências. Mas nós queremos informação
local, porque, apesar dos Açores terem uma identidade cultural e
científica semelhante, ao nível dos consumos, as diferenças são muito
grandes, as acessibilidades são distintas e isso altera todo o cenário”,
explicou ao Açoriano Oriental.Assim, através do protocolo ontem
assinado, que tem uma vigência de três anos, o Observatório irá fornecer
essa informação sobre a região, em articulação com a Universidade dos
Açores.“Ou seja, vamos elaborar estudos para perceber que tipos de
substâncias circulam, que comportamentos existem, que perfil de
consumidor temos, de modo a ajustar toda a nossa estratégia de prevenção
das dependências. Porque a nossa intervenção, apoiada numa análise
realista derivada dos dados do observatório, será muito mais credível do
que se recorrer apenas a dados a nível regional”, destacou.Neste
contexto, o observatório irá ajudar a ajustar as ações do Plano Regional
de Combate às Dependências com base “em dados concretos”.O diretor
regional referiu ainda que, no âmbito das dependências, uma preocupação
reside nas dependências sem substância, como o gaming (jogos) e o
gambling (apostas).“Os jovens estão a consumir menos álcool e a
fumar menos, mas têm uma maior ligação à internet e aos jogos. Trata-se
de um problema que, embora não seja tão visível como o consumo de drogas
estimulantes, causa imenso sofrimento”, referiu.Pedro Fins
congratulou-se com a criminalização, em breve, da substância netil
pentedrona (NEP), um estimulante que causa comportamentos agitados e
agressivos, o que considera representar um grande avanço, tendo em conta
que o processo levou cerca de um ano, em contraste com os quatro anos
que demorou a criminalização da última substância.Para Susana Mira
Leal, reitora da Universidade dos Açores, este protocolo, para além da
vertente de investigação, permitirá também a formação em contexto
prático dos estudantes, através de estágios ou atividades de
voluntariado, na atuação específica no combate e prevenção dos consumos
aditivos e de substâncias.A reitora sublinhou ainda que o protocolo
foi assinado no dia em que a Reitoria deu início a um projeto de
voluntariado jovem, em parceria com os serviços de ação social escolar.