Objetivo do Chega é retirar PS do poder e criar "nova energia"
Açores/Eleições
8 de out. de 2020, 10:15
— Lusa/AO Online
"O objetivo do
Chega para estas eleições é retirar o PS do poder. Só dessa forma se
pode criar uma nova energia, uma nova democracia na região. (...) Hoje
já não se governa, só se fazem promessas", considera Carlos Furtado, em
entrevista à agência Lusa.Furtado é o
cabeça de lista do Chega pela ilha de São Miguel nas eleições
legislativas regionais de dia 25, cabendo ao secretário-geral da
estrutura, José Pacheco, encabeçar a lista pelo círculo de compensação.Uma
eventual entrada do Chega no parlamento açoriano, diz o presidente do
partido na região, teria como primeiro objetivo o "dignificar da
política" no arquipélago.Tal como no continente, também nos Açores o Chega defende a redução do número de deputados."Há
ilhas nos Açores que têm mais deputados efetivos do que médicos. Há
três vezes o número de deputados em relação aos presidentes de câmara.
Isso parece quase anedótico, mas não é. A nível nacional temos 308
municípios e 230 deputados. Nos Açores há três vezes mais deputados [57]
do que presidentes de câmara [19]. Isso é impensável", defende Carlos
Furtado.Questionado sobre, na
eventualidade de tal redução se concretizar, o Chega ser possivelmente
um dos partidos prejudicados, o candidato sublinhou: "[O Chega] Há-de
ser um dos prejudicados. E digo-lhe mais: que se lixe. Se isso for em
benefício da democracia e da população, que se lixe".Para
Carlos Furtado, quer os presidentes de câmara quer os delegados de
saúde "são legítimos, e de que maneira, representantes do povo".O candidato do Chega já concorreu pelo PSD à autarquia da Lagoa, em São Miguel, mas entretanto abandonou o partido."Sou
um homem de direita, de princípios de direita. E não tenho vergonha de o
assumir. Os meus pais eram simpatizantes do PSD desde sempre e fui
sempre simpatizante e mais tarde militante. Recentemente fui-me
apercebendo que o PSD se está agora a posicionar mais no
centro-esquerda, e se calhar eu é que estava enganado. Com o
aparecimento do Chega percebi que a minha casa já não era aquela",
justificou.Nos Açores, o Chega tem
"algumas centenas de militantes", mas para Carlos Furtado "o número de
militantes não é um armário de troféus", até porque "há simpatizantes
que são mais Chega do coração do que alguns militantes o são nas outras
forças partidárias".Questionado sobre as
polémicas a nível nacional em torno do partido e do seu líder, André
Ventura, Carlos Furtado diz que estão em causa "dores próprias de
crescimento de um partido que cresceu muito depressa". No
que se refere à economia regional, o candidato realça a situação da
transportadora aérea SATA e dos seus prejuízos, defendendo que a empresa
"está presa por arames"."Estamos a correr
sérios riscos de dentro de pouco tempo termos uma situação caótica nos
transportes regionais. Esta é uma espada na cabeça do eleitorado
açoriano", frisa Carlos Furtado.O Chega
concorre às eleições para o parlamento açoriano por oito círculos, sete
de ilha e um de compensação - o partido não tem candidaturas apenas nas
ilhas das Flores e do Corvo.Nas eleições
regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por cada ilha,
mais um círculo regional de compensação, que reúne os votos que não
foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.Nas
anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos
votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra
30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do
CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.