O 'trabalhador' Geraint Thomas está de olho no Tour
Volta ao Algarve
18 de fev. de 2022, 16:40
— Lusa/AO Online
“Infelizmente,
não vim para tentar ganhar uma terceira vez. Perdi muita preparação
este inverno, devido à minha operação ao ombro [em outubro] e à covid-19
[esteve infetado no Natal], por isso não tenho a condição física ideal
neste momento”, assumiu o galês da INEOS, em declarações à agência Lusa.Na
segunda etapa da 48.ª edição, o vencedor da ‘Algarvia’ em 2015 e 2016 e
vice-campeão em 2018, o ano em que ganhou a Volta a França, foi o
primeiro a assomar-se à dianteira do pelotão, para impor o ritmo na
subida à Fóia, um gesto de ‘humildade’ que recorda porque é uma pedra
basilar na formação britânica, que representa desde 2010.“Estou
aqui para trabalhar no duro e dar o meu melhor pela equipa”, vai
dizendo, embora seja cauteloso em apontar o colega Ethan Hayter, o
‘vice’ de 2021, como grande favorito a vestir de amarelo, no domingo, no
alto do Malhão: “Não tenho a certeza que ele vá ganhar. Ele também teve
covid-19, ainda está a regressar, mas a equipa tem muitas opções para
todos os dias, veremos o que acontece”.Depois
de um ano de ausência, motivado pelo adiamento da prova para maio
devido à pandemia de covid-19, ‘G’ retomou a tradição de arrancar a
época no Algarve – foi assim em 2015, 2016, 2018 e 2020 -, uma
preferência que explica no seu estilo despretensioso – o seu humor e
descontração, sem esquecer os inconfundíveis óculos brancos, são a sua
imagem de marca.“É uma corrida agradável.
Tens chegadas ao ‘sprint’, tens dias duros, como a Fóia, tens o
contrarrelógio, e também tens bom tempo. É uma boa maneira de começar a
temporada”, resumiu.Incentivado a dar a
‘receita’ para triunfar na única prova do calendário português da
categoria UCI ProSeries, Thomas não hesitou: “tens de subir bem e ser
bom contrarrelogista. Mesmo que não chegues na frente nas subidas, não
podes perder muito tempo”.Após um impasse
negocial para a renovação de contrato com a INEOS, resultante de
divergências quanto ao papel que teria na equipa esta temporada e que se
arrastou desde o verão e foi solucionado apenas em dezembro, o
carismático galês aparenta estar sereno quanto ao futuro. “Só
quero desfrutar das corridas, celebrar vitórias – minhas também – e,
obviamente, desempenhar um papel importante na equipa”, enumera ao
espraiar-se sobre as perspetivas para 2022, sem ocultar que, apesar de
não haver um objetivo que sobressaia, o Tour é “a prova” com que sonha
todos os anos.O único galês a vencer a
Volta a França tem tido resultados modestos nas grandes Voltas desde que
foi vice-campeão do Tour, atrás do companheiro colombiano Egan Bernal,
em 2019, e enfrenta a concorrência de ‘pesos-pesados’ na luta por um
lugar de destaque na ‘Grande Boucle’, nomeadamente de Richard Carapaz,
vencedor do Giro2019 e terceiro na última edição da prova francesa, e do
compatriota Tao Geoghegan Hart, o ‘maglia rosa’ do Giro2020.“Vamos
ver se serei um dos líderes. Mas, no final do dia, a abordagem para mim
é a mesma de sempre. Tenho de lá chegar na melhor forma possível, e
evoluir a partir daí”, concluiu, aparentemente conformado com a sucessão
geracional em curso num pelotão em que os jovens talentos imperam.