Autor: Lusa/AO Online
O emblemático Muro de Bretanha foi ‘agridoce’ para a UAE Emirates, que viu Pogacar somar a 19.ª vitória em etapas no Tour – a segunda nesta edição - e regressar à liderança da geral, e Almeida perder mais de 10 minutos na meta, após ficar envolvido numa queda a pouco mais de seis quilómetros do final dos 197 desde Saint-Malo.
Agora 28.º classificado, a 12.21 minutos do seu líder esloveno, o melhor voltista português da atualidade, que cortou a meta com o equipamento rasgado e com sangue nas pernas e braços, fica definitivamente afastado da luta por um lugar no pódio final, em 27 de julho, em Paris, com o azar de Almeida a tirar mesmo o sorriso do rosto do camisola amarela.
“Estou super contente com a vitória. Foi [um dia] quase perfeito. Infelizmente, o João caiu, espero que ele esteja bem. Se ele estiver bem, foi um dia perfeito. Se ele não estiver bem, esta vitória é para ele”, disse o campeão em título da 'Grande Boucle', visivelmente preocupado com o seu ‘último homem’.
Depois de Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck) ter cedido a menos de dois quilómetros do topo do Muro da Bretanha, onde ganhou no Tour2021, ‘Pogi’ acelerou para a vitória na etapa, à frente de Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) – os dois acabaram com as mesmas 04:05.39 horas – e do britânico Oscar Onley (Picnic PostNL), terceiro a dois segundos, recuperando também a amarela.
O esloveno lidera com 54 segundos de vantagem sobre o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) e 01.11 minutos sobre o francês Kévin Vauquelin, dois dos cinco ciclistas que cortaram a meta a dois segundos dos últimos dois campeões da ‘Grande Boucle’.
A dupla ascensão ao famoso Muro de Bretanha trazia promessas de espetáculo e não defraudou. Em mais uma tirada desenhada como uma clássica – será assim até segunda-feira, véspera do primeiro dia de descanso -, a fuga voltou a tardar em formar-se devido aos inúmeros ataques, ‘inaugurados’ por Wout van Aert (Visma-Lease a Bike).
Já estava cumprida a primeira hora, a uma média impressionante de 53,7 km/h, quando, finalmente, cinco homens se destacaram do pelotão, com Geraint Thomas (INEOS), o vencedor de 2018 e vice-campeão de 2019, a ser o elemento ‘estranho’ numa iniciativa constituída ainda por Iván García Cortina (Movistar), Alex Baudin (EF Education-EasyPost), Marco Haller (Tudor) e Ewen Costiou (Arkéa-B&B Hotels).
Apesar de ‘inofensivo’, o quinteto foi perseguido pela UAE Emirates, num trabalho conjunto com a Alpecin-Deceuninck do então camisola amarela Van der Poel, nunca conseguindo uma vantagem superior a dois minutos, uma margem que já era bem inferior na primeira subida ao Muro de Bretanha.
Mais velho ciclista da 112.ª edição, Geraint Thomas, a disputar o seu último Tour aos 39 anos, ficou imediatamente para trás, sendo apanhado pelo pelotão ainda a mais de 16 quilómetros da meta, numa altura em que Costiou seguia isolado na frente – a tentativa do francês acabou pouco depois.
Almeida perdeu o contacto com o grupo de favoritos na primeira passagem na íngreme e explosiva subida, mas, tal como sempre, recolou, ao contrário do vice-campeão da Vuelta2024, o australiano Ben O’Connor (Jayco AlUla), irremediavelmente afastado da luta pela geral.
Mas a má colocação do português ter-lhe-á mesmo hipotecado o sonho do pódio; a uns seis quilómetros da meta, o quarto classificado do Tour2024 caiu, com o ‘azar’ a apanhar também Enric Mas (Movistar), Santiago Buitrago (XDS Astana), Ben Healy (EF Education-EasyPost), o vencedor da etapa da véspera, ou Jack Haig (Bahrain Victorious), retirado em maca.
O luso da UAE Emirates ficou bastante tempo sentado antes de retomar a marcha, com esse momento praticamente a coincidir com a aceleração do seu líder que ‘condenou’ Van der Poel.
O três vezes vencedor da Volta a França ainda tinha energia reservada para o sprint final, com Vingegaard a ‘colar-se’ à roda do seu adversário para ser o único a não perder tempo. Primoz Roglic e Florian Lipowitz, da Red Bull-BORA-hansgrohe, cederam mais 21 segundos, e já estão ambos a pouco mais de três minutos.
Nelson Oliveira ‘acompanhou’ Almeida até à meta, com os dois portugueses em prova a demorarem mais 10.13 minutos do que Pogacar, de quem o veterano da Movistar está a 28.15 na geral.