Autor: Paulo Simões/Carolina Moreira
O Jardim Fest decorre este fim de semana, nos dias 6, 7 e 8 de setembro, no Parque Urbano. O que está previsto para este ano?
A
 música é uma pequena parte do festival. Este ano a grande novidade 
prende-se com o facto de termos acrescentado um dia ao evento, o domingo
 que é dedicado às crianças e em que vamos ter o Avô Cantigas.
Isto 
acontece porque, ao longo das quatro edições, ouvimos frequentemente 
pessoas a dizer que gostavam de ter ido, mas não foram porque 
trabalhavam ao sábado e o domingo era o dia da família. Por isso, nesta 
quinta edição, fez-nos sentido apostar no dia da família e trabalhámos o
 evento na componente mais familiar, o que também vai constituir um 
teste para nós.
Nos restantes dias, temos uma aposta forte naquilo 
que chamamos o Jardim das Curtas, que é a parte do cinema ao ar livre. 
Fizemos uma parceria com o Estúdio 13 que é quem vai fazer a curadoria  
dessa parte e foram selecionadas mais de dez curtas-metragens, sendo 
algumas vocacionadas para o público infantil.
                                                
Para além do cinema e da música, que outras iniciativas estarão patentes no festival? 
Há
 workshops, artesanato, videodança e trabalhos mais na área do vídeo a 
passarem em horários pontuais, também para dar a conhecer o trabalho de 
jovens artistas açorianos.
Isto, porque  encaramos o Jardim Fest um 
pouco como um prolongamento do que era o Ateneu Criativo. Trata-se de um
 espaço onde os jovens artistas podem mostrar o seu trabalho. Por 
exemplo, quando contratamos artistas nacionais, tentamos complementar 
com os internacionais (exemplo dos DJ’s que marcam presença no evento) e
 apostamos, desde a primeira edição, em artistas regionais, com 
trabalhos originais, porque acreditamos que o Jardim é essencialmente  
um espaço convívio e para se mostrar o trabalho que fazemos ao longo do 
ano.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                
                                                                            
Em termos de música, quais são as principais atrações da edição deste ano do Jardim Fest?
Tentámos
 ser o mais abrangente possível, assumindo sempre uma vertente mais pop,
 com o intuito de haver um elemento mais mainstream e que agrade a toda a
 gente, e depois tentamos diversificar, dando a conhecer outros géneros e
 agradar a públicos mais específicos.
Vamos ter os HMB, que se trata 
de uma banda mais mainstream, têm tido imenso sucesso e devem haver 
poucos festivais a nível nacional onde eles não tocaram. Depois temos os
 Virgem Suta com uma sonoridade bastante diferente, mas também bastante 
popular. Completamos o cartaz com os DJ’s, como o Nicola Conte com uma 
sonoridade ligada ao Bossa Nova, Jazz e uma mistura de estilos, e o 
Philippe Cohen Solal, fundador dos Gotan Project, traz-nos música muito 
mais eclética, com mistura de tango com eletrónica. Há aqui toda uma 
sonoridade nova, muito experimental, que nós também queremos propor.
Nos
 artistas regionais, seguimos dois caminhos diferentes. Temos o Nuno 
Cabral, um cantautor, e o We Sea numa vertente mais inovadora e 
experimental, e agrada-nos ver esta gente nova, sem medo de arriscar.
                                                
Ao público agrada esta mistura de algumas coisas mais estabelecidas e outras novas e experimentais que estão a surgir?
O
 feedback tem sido esse: às pessoas agrada muito essa possibilidade de 
estar em família num espaço verde ao ar livre e agrada também essa 
surpresa que lhes é dada a conhecer das novidades que introduzimos.
                                                
Este
 festival nasce no Jardim António Borges e, depois, é transposto para o 
Parque Urbano. Esta mudança foi necessária ou imposta?
Existiram 
vários fatores que nos levaram a mudar. O primeiro prende-se com o facto
 de o Jardim Fest ter sido concebido como algo móvel que pudesse 
acontecer em diferentes espaços verdes que estivessem mais ou menos 
esquecidos e fora de uso e que nós pudéssemos ir dinamizando. O Jardim 
António Borges cumpria esses requisitos, era um espaço no centro da 
cidade e estava esquecido do dia-a-dia dos locais.
Além de ter as 
suas limitações, criar todas as condições para preservar o Jardim 
António Borges acarretava uma quantidade enorme de custos e nós 
sentíamos a necessidade de aumentar o nosso público, no sentido de 
sermos mais abrangentes. 
                                                
Os festivais, de uma maneira ou de outra, começam a ter uma preocupação ambiental. Essa questão também existe no Jardim Fest?
Sim,
 sem dúvida, aliás não só na montagem do festival, onde há sempre o 
cuidado de economizar mesmo em questões de energia. Vamos ter uma 
empresa connosco de aluguer de bicicletas, em que só temos de chegar 
junto a uma das bicicletas e desbloqueá-la, com a aplicação no 
telemóvel, para utilizar. O objetivo é promover a mobilidade e passar a 
mensagem de um estilo de vida mais ecológico.
                                                
E a questão dos copos reutilizáveis?
Nós
 consideramos que o copo só faz sentido se for reutilizável, por isso 
vamos incentivar as pessoas a usarem os copos que já adquiriram ao longo
 do verão em outros festivais e vamos ter uma pequena percentagem de 
copos para vender. Não é reembolsável, porque nós achamos que assim é 
que é o verdadeiro incentivo à reutilização, porque a ideia de caução é 
desvalorizar a causa e acaba por transmitir que o que se está a fazer é 
criar um negócio.
                                                
Relativamente a horários do festival, como é que vão proceder?
Uma
 das intenções do Jardim Fest é trazer a festa para o luz do dia. Na 
sexta-feira, abrimos as portas às 18h00. Assim, as pessoas, saindo do 
trabalho, podem ir diretamente para o Jardim, onde podem comer e beber, e
 isto incentiva o convívio. Encerramos as portas à 01h00 da manhã, que 
creio ser um horário que dá para fazer a festa e as pessoas que vivem à 
volta não se sentem incomodadas. Para quem quiser continuar a festa, a 
cidade de Ponta Delgada, felizmente, tem bastantes atrações para onde se
 podem dirigir.
No sábado, abrimos as portas às 15h00 para que as famílias possam levar as crianças e voltamos a encerrar à 01h00.
No
 domingo, abrimos novamente às 15h00 e encerramos às 18h30, também para 
termos tempo de tratar da logística de desmontar o evento.
                                                
Em termos de estacionamento, existe algum conselho que queira transmitir ao público?
O
 Parque Urbano tem duas entradas principais, uma na Fajã de Baixo e 
outra na Fajã de Cima, e ambas têm zonas de estacionamento. Quem for a 
pé, sugerimos que vá pela entrada da Fajã de Baixo, mas quem for de 
carro consegue melhor estacionamento na entrada da Fajã de Cima.
                                                
Quais são as expectativas em relação ao festival?
O
 feedback que temos recebido nas redes sociais tem sido muito positivo e
 foi visível a vontade de comprar os bilhetes. É um evento que já se vai
 enraizando na rotina de verão das pessoas, portanto as expectativas são
 altas. Além disso, como o Parque Urbano é maior que o Jardim António 
Borges, por isso esperamos receber mais pessoas.
                                                
Focando agora a 
entrevista no trabalho da CRACA - Associação Cultural que promove o 
Jardim Fest, além deste evento que provavelmente será o mais visível do 
ponto de vista mediático, pergunto que trabalho tem desenvolvido nos 
últimos tempos, agora que não tem o Ateneu Criativo?
Com o fim do 
projeto do Ateneu Criativo, muitos dos elementos da CRACA sentiram 
alguma desmotivação e decidiram direcionar as suas energias para outras 
aspetos da sua vida profissional e pessoal. 
O Jardim Fest é a nossa 
forma de continuarmos a perpetuar o trabalho que fazíamos no Ateneu e 
ver, atualmente, jovens a apresentar os seus trabalhos e que antes viam 
em nós o seu porto de abrigo, é muito positivo e é o melhor elogio que 
podemos ter.
                                                
Mas gostaria que a CRACA voltasse a ter um espaço, onde pudesse reconfigurar o espírito do Ateneu Criativo?
Mais
 do que gostar, acho que é algo que faz falta, porque passado tanto 
tempo ainda hoje ouvimos dizer que fazia falta um outro ateneu.
Mas, 
sinceramente, nós hoje estamos mais numa fase de reflexão e de perceber o
 que poderá ser a CRACA e contribuir para o momento atual. Até porque as
 coisas hoje em dia também mudaram. Por exemplo, o Walk&Talk e o 
Tremor têm vindo a sofrer uma mutação e uma adaptação, e nós estamos um 
bocado nessa fase de perceber como é que podemos contribuir para 
melhorar.
                                                
Com estas transformações, não é essencial ter cuidado para não desvirtuar o espírito dos vários eventos?
Estamos
 a falar de inovação e de eventos que vivem um bocado do novo. Se não se
 arriscar, se não se sair da zona de conforto, correm o risco de ficarem
 obsoletos e repetitivos.
Daí também assumirmos que é necessário haver essa fase de reflexão, antes de tomar qualquer outra iniciativa.
Mas,
 em relação ao Jardim, nós temos a ambição de o levarmos a outras ilhas.
 Ou seja, no mesmo ano, queremos realizar o Jardim Fest em São Miguel e 
em outras ilhas, mas para isso temos de ter capacidade financeira. Não 
sendo possível, consideramos mesmo mudar de ilha.
                                                
Quais são os vossos parceiros para este Jardim Fest?
A
 Câmara Municipal de Ponta Delgada, que nos dá um enorme apoio logístico
 e algum financeiro, a Só Festas, empresa produtora e nossa parceira 
desde o início das atividades da CRACA, a Coca-Cola, a NOS e temos, 
ainda, algum apoio da Direção Regional do Turismo.
Da nossa parte, o 
festival depende muito da nossa disponibilidade, porque fazemos isto de 
forma ‘pro bono’ e em tempo parcial, já que não conseguimos estar 
dedicados a 100% por motivos profissionais.