“O futuro” dos ralis “está nas duas rodas motrizes”

Histórias dos Rallyes

Hoje 11:54 — Rui Jorge Cabral

O piloto da ilha de São Jorge, Fernando Soares, considera que o Campeonato dos Açores de Ralis deveria ser corrido no seu topo com carros de duas rodas motrizes da categoria Rally4, revelando o prazer que tem tido “em ver amigos meus dos ralis em várias ilhas inspirados em ir buscar um carro desta categoria e deverão vir mais Lancias para os Açores”. Em entrevista ao Açoriano Oriental, Fernando Soares considera que “o futuro está nas duas rodas motrizes, porque são carros viáveis para os Açores”. Em 2025, este empresário jorgense de 57 anos surpreendeu o pequeno mundo dos ralis açorianos ao ser o primeiro piloto na Península Ibérica a competir com o novo Lancia Ypsilon Rally4 HF, que trouxe de volta aos troços de ralis a mística italiana. Além disso, Fernando Soares escolheu uma decoração que faz lembrar as famosas cores da Martini Racing, dos antigos carros oficiais. “É uma decoração inspirada nos meus 20 anos, em que era um apaixonado pela Lancia, com o desenho da Lancia Martini, mas com as cores dos meus patrocinadores, que são a Câmara Municipal das Velas - Capital do Queijo e a Câmara Municipal da Calheta - Capital das Fajãs”. O objetivo de Fernando Soares, navegado por Alberto Almeida, em 2025 foi o de aprender o novo Lancia Ypsilon Rally4 tendo realizado dois ralis em asfalto e um de terra, regressando às estradas de São Miguel para fazer o Azores Rallye, onde já não corria desde a década de 1990.Para 2026, o objetivo é fazer “a maior parte” dos ralis do Campeonato dos Açores. Em relação ao seu novo Lancia Ypsilon Rally 4, Fernando Soares não poupa elogios: “dentro do carro, não temos muito a noção da velocidade, porque o carro tem um chassis muito bom e passa por cima de pedras e buracos em várias situações, sendo um carro rápido, mas muito equilibrado, em que não nos apercebemos da velocidade como se fosse num carro do dia-a-dia”. Fernando Soares tem uma carreira longa nos ralis, com altos e baixos, tendo disputado os principais ralis dos Açores, mas sempre numa lógica pontual e sem nunca fazer um campeonato regional.O gosto pelos ralis surgiu muito cedo, conforme recorda o piloto: “a minha família sempre esteve envolvida nos automóveis e desde pequeno que comecei a conduzir”. Os seus primeiros carros foram preparados na garagem da família, que geria um concessionário automóvel multimarca, tendo o seu primeiro carro de ralis a ‘sério’ sido um Volkswagen Polo G40 em 1994, a que se seguiu um SEAT Ibiza “comprado no continente já preparado para ralis”, um Citroën Saxo Cup e um Renault Clio RS Ragnotti, com o qual deixou de correr em 2007, antes de regressar 18 anos depois com o novo Lancia Ypisilon Rally4 HF. Durante a sua carreira nos ralis, Fernando Soares viveu algumas peripécias, como a que aconteceu uma vez num rali no Pico, com o Citroën Saxo Cup “em que eu dei um salto e vi o meu navegador largar as notas, agarrar-me o joelho e ficar em pânico”.Escusado será dizer que o resto desta classificativa foi feito ‘à vista’ por Fernando Soares e sem notas, “porque nos ralis temos de nos desenrascar e não se pode parar... Temos de ir até ao fim”, recorda o piloto jorgense. Uma situação que mesmo assim não o impediu de terminar o rali no segundo lugar da geral.