O aumento dos recursos financeiros do COP é o grande desafio de José Manuel Araújo
26 de nov. de 2024, 17:36
— Ana Marques Gonçalves/Lusa/AO Online
Secretário-geral
do COP desde março de 2013, nos três mandatos da presidência de José
Manuel Constantino, José Manuel Araújo começa por revelar, em entrevista
à agência Lusa, que foram “diversas as razões” que o fizeram avançar
com uma candidatura às eleições de março. “Talvez
a maior de todas tenha sido todo o tempo que tenho dedicado ao
dirigismo desportivo, já desde os tempos da Federação de Ginástica, e
depois do envolvimento que tive nestes últimos três ciclos olímpicos.
São, naturalmente, um motivo de sentir que há um momento agora para eu
presidir ao Comité Olímpico”, pontuou.No
dirigismo desportivo nacional, presidiu à Mesa da Assembleia Geral da
Federação de Ginástica de Portugal, entre 2004 e 2012, tendo ainda
integrado o Conselho Nacional do Desporto (2011 a 2013) e o Conselho de
Arbitragem Desportiva do Tribunal Arbitral do Desporto (2015 a 2023).Foi
depois de Tóquio2020 que a ideia de candidatar-se à presidência do COP
começou a ‘amadurecer’, mas “uma decisão mais profunda e direta
aconteceu há cerca de um ano”, com José Manuel Araújo a não ver como “um
contra” que a sua candidatura seja encarada como de continuidade. “Toda
a gente elogia o trabalho do COP nestes ciclos e eu faço parte dessa
equipa que conseguiu esse conjunto de excelentes resultados. Portanto,
essa participação na equipa penso que me dá este crédito de achar que
posso continuar algum trabalho, mas tenho motivação para fazer mais,
para pegar na experiência que tenho e acrescentar mais alguma coisa,
pegar em áreas que acho que estão menos desenvolvidas e que devem ser
vistas com maior atenção”, destacou. Entre
estas, destaca como prioritárias “o apoio à área técnica”, em resposta a
uma necessidade identificada pelas federações, que se repercutiria
também nas Esperanças Olímpicas, um projeto que, na sua opinião, precisa
de maior investimento. “É preciso afetar
uma parte da preparação olímpica às Esperanças Olímpicas. Nós sempre o
fizemos, mas, na verdade, executámo-lo abaixo do que pretendemos. Esse é
um dos focos, é poder ter nas Esperanças Olímpicas um sinal claro de
que é preciso ajudar os jovens a manter-se no alto rendimento, a chegar
depois aos Jogos Olímpicos”, identificou.Outra
das prioridades da sua candidatura é o reforço da colaboração com as
federações desportivas, insistindo que é preciso que os presidentes
desses organismos “se juntem mais”, nomeadamente em cimeiras que
“abordem determinadas áreas temáticas” e das quais possam sair “boas
práticas”, mas também “uma voz clara”. No
mesmo sentido, quer ter os diretores técnicos das federações a
conversar uns com os outros e a encontrar pontos de conhecimento que “os
façam crescer mais em termos de desenvolvimento desportivo”.No
entanto, o seu maior desafio será mesmo melhorar as condições
financeiras para atletas, treinadores e federações, o que pode ser
alcançado através da potencialização da marca Comité Olímpico de
Portugal. “O financiamento privado pode e
deve ser aumentado. Acho que o COP tem uma marca forte, uma marca
reconhecida. É uma marca que não entra em competição com as restantes
modalidades, mas é uma marca que pode atrair mais investimento privado
e, ao atrair, o nosso objetivo é um só: nós queremos acabar o ano com
zero de saldo”, revelou.Araújo trabalhará
para que as empresas percebam o importante que é estarem associados ao
COP, mas pretende também que, ao nível das políticas públicas, haja um
reconhecimento de que o apoio ao desporto pode ser “beneficiado
fiscalmente pelo Estado”.“Se conseguirmos
juntar as duas coisas, acho que temos as condições certas para crescer,
para aumentar as receitas do COP e afetá-las integralmente,
naturalmente, às federações, aos atletas, aos treinadores”, resumiu.Se
for eleito presidente, o lisboeta de 60 anos quer que o organismo
assuma um papel ativo no desenho de modelo de desporto em Portugal,
assente nos clubes e “solidário”, em que as receitas principais sejam
afetadas depois à formação.“O objetivo é
que os clubes tenham condições para ter também os seus dirigentes e os
dirigentes tenham também um sinal do Estado no reconhecimento do seu
estatuto de dirigente voluntário e associativo”, completou.O
Estado deve também perceber que tem de investir mais no desporto, na
opinião de Araújo. “Esse investimento há de ser um salto qualitativo,
que esperamos que num determinado momento um Governo assuma, mas vamos
sempre vivendo com esta queixa permanente de que os investimentos ou o
crescimento do apoio é relativamente curto”, concluiu.