“O apoio domiciliário, neste momento, tornou-se outra realidade”
26 de jun. de 2020, 16:30
— Catia Carvalho
“O
apoio domiciliário, neste momento, tornou-se outra realidade”,
afirma Catarina Nogueira, diretora técnica do CCESVN. A responsável
pelo projeto “Estamos Contigo”, apoiado pela Fundação Calouste
Gulbenkian, explica que a “finalidade principal do apoio atribuído,
um montante de 20.000 euros, é expandir a resposta social do
centro”, acrescentando que com o “afastamento dos familiares mais
próximos e o encerramento de outras respostas sociais devido às
restrições impostas pela pandemia a ação da instituição é
essencial e, às vezes a única, que a população que servimos tem”.
A
funcionar como instituição particular de solidariedade social desde
1995, o CCESVN tem duas valências ativas: um centro de convívio
onde são desenvolvidas atividades de animação sociocultural e um
núcleo de apoio domiciliário que leva serviços de higiene pessoal
e alimentação a 60 idosos da freguesia. Para além destas duas
áreas de intervenção, a instituição engloba, também, uma
lavandaria que serve quatro freguesias do concelho da Praia da
Vitória: Agualva, Lajes, São Brás e Fontinhas.
Com
a pandemia, os pedidos de apoio multiplicaram-se, “recebemos muitas
solicitações ao nível das refeições”, conta Catarina,
acrescentando que “também houve muita gente a pedir ajuda para
comprar medicação, bens alimentares ou para pagar as contas da água
e luz e até levantar reformas. Os pedidos foram tantos que criámos
uma equipa só para esses serviços”.
“O
mais difícil”, frisa Agostinho Simões, presidente da direção do
CCESVN, “foi operacionalizar o plano de contingência. Conhecia-se
muito pouco o vírus e por isso tivemos dificuldades em gerir o
processo”. “As recomendações da saúde emitidas pela secretaria
regional da Solidariedade Social eram atualizadas diariamente, o que
implica, ainda hoje, organizarmos, dia a dia, processos e
metodologias”, explica.
Para
além das dificuldades inerentes à gestão diária do centro, os
recursos humanos e os equipamentos disponíveis revelaram-se também
insuficientes, “ao ser necessário criar equipas espelho, tivemos
de contratar quatro colaboradores com o apoio da Câmara Municipal da
Praia da Vitória”, conta o presidente.
“Contámos
ainda com a gentileza da Junta de Freguesia de Vila Nova e da Olhar
Poente – Associação Desenvolvimento que nos cederam, cada uma, um
funcionário. Para além disso, os equipamentos de proteção
individual não só estavam esgotados no mercado como também eram
vendidos a preços exorbitantes mesmo para instituições sem fins
lucrativos como a nossa”.
O
Fundo de Emergência Covid-19, criado em parceria com o Ministério
do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, contempla uma verba
de 5 milhões de euros e pretende reforçar a capacidade de resposta
das organizações que prestam cuidados e serviços às pessoas mais
isoladas tendo em conta o seu bem-estar e satisfação das
necessidades básicas.
Nos
Açores, a iniciativa “Gulbenkian Cuida” apoiou também a Santa
Casa da Misericórdia de Vila Franca e a Santa Casa da Misericórdia
da Ribeira Grande.