Nuno Melo acusa direção de cometer "uma espécie de crime de lesa-partido"
CDS-PP
11 de out. de 2021, 16:04
— Lusa/AO Online
O Conselho Nacional
aprovou no domingo, com 64% de votos a favor, a convocatória do 29.º
Congresso do CDS-PP para os dias 27 e 28 de novembro, datas propostas
pela direção.A reunião magna dos
centristas, na qual será eleito o próximo presidente do partido e a sua
direção, vai ser antecipada em dois meses, uma vez que o último se
realizou no final de janeiro do ano passado e os congressos do CDS-PP
acontecem ordinariamente de dois em dois anos.Nuno
Melo já tinha criticado, durante o Conselho Nacional que decorreu à
porta fechada, a coincidência com a data do congresso do Chega,
considerando um “absurdo” o CDS “partilhar o palco”, segundo
transmitiram à agência Lusa conselheiros que acompanharam a reunião.Hoje,
através de uma publicação na sua página oficial na rede social
Facebook, o candidato à liderança defendeu ser “de senso comum que não
faz nenhum sentido que um congresso do CDS que estatutariamente seria
realizado em janeiro de 2022 sem qualquer polémica, tenha sido
antecipado para os dias 27 e 28 de novembro, data para a qual o partido
Chega já tinha o respetivo congresso agendado”.“Seria
difícil imaginar maior absurdo do ponto de vista político, uma espécie
de crime de lesa-partido”, criticou, argumentando que, “num dos momentos
políticos e mediáticos mais importantes para a vida de qualquer
partido, quando o CDS deveria estar a falar para o país sozinho”, a
direção “decidiu partilhar o palco com o André Ventura e o Chega”.Na ótica do eurodeputado, o CDS só se poderia “querer separar e distinguir, por todas as óbvias razões”.“Toda
a pressa, com violação de regras regimentais, tem uma única razão de
ser: impedir-me de dar a volta ao país, falando com militantes e
estruturas de Norte a Sul no continente, nos Açores e na Madeira. Devo
dizer que só reforçam a minha determinação e a nossa motivação”,
garantiu, na mesma publicação.Numa crítica
ao atual presidente do partido e seu opositor corrida à liderança,
Francisco Rodrigues dos Santos, Nuno Melo assumiu que quer ganhar o
congresso da mesma forma como o “CDS deve querer conquistar o país, com
valores e com princípios”, e defendeu que os dirigentes têm de “praticar
dentro” o que dizem “ser importante fora”.O
também líder da distrital de Braga do CDS-PP salientou que não tem
“qualquer intenção de refazer frisos do passado” e que a sua candidatura
“parte do pressuposto de que num momento em que o CDS está tão
fragilizado e dividido, no dia seguinte ao congresso serão precisos
todos para reerguer o partido”. Assim,
disse que quer “contar com pessoas de todas as tendência e fações” e
“juntar os mais capazes, e esses não são definidos por barricadas”.Nuno
Melo apontou também que quer “juntar novos quadros” para renovar o CDS e
argumentou que o “único critério” que lhe faz sentido é “o mérito”.Antecipando
“muitos ataques pessoais” nos próximos tempos e “excessos de linguagem
absolutamente desnecessários”, o candidato à liderança pediu ainda aos
seus apoiantes que “recusem responder no mesmo tom ou usar conduta
parecida”, estabelecendo que “elevação na linguagem e um comportamento
sereno e adulto serão uma marca fundamental deste projeto”.“Temos
de nos distinguir também pelo modo como nos comportamos, porque da
forma como nos comportamos e reagimos decorrerá necessariamente a
avaliação que Portugal - que queremos convencer em relação ao CDS no
futuro - fará do partido e aos seus protagonistas”, salientou Nuno Melo.