Número de vacas leiteiras subiu 4,3% de 2014 a 2018, mas consumo de leite caiu desde 2010
10 de abr. de 2019, 17:35
— Lusa/AO Online
“No
primeiro semestre de 2018 contabilizaram-se mais 10.000 animais do que
em 2014, representando um crescimento de 4,3% entre 2014 e 2018”, lê-se
no documento a que a Lusa teve acesso. Em 2018, o efetivo de vacas leiteiras atingiu 244.000 animais em Portugal, 148.000 no Continente e 96.000 nos Açores.O
crescimento verificado “deve-se muito” ao desempenho da Região Autónoma
dos Açores, que registou, no período em causa, uma subida de 7,9% no
efetivo, ou seja, mais 7.000 animais. Por sua vez, no continente, a subida foi de 2,1%, o correspondente a 3.000 animais. No
entanto, o número de vacas leiteiras entre 2000 e 2014 registou uma
quebra de 95.000 animais, ou seja, “houve uma diminuição de 29% do
efetivo em 15 anos”. Por exploração, o
efetivo médio quadruplicou em 20 anos, passando de oito vacas por
exploração em 1997 para 34,1 vacas em 2013, “valor que aparenta
manter-se estável, desde então, com um registo de 34,3 vacas leiteiras”.
De acordo com o relatório, que teve como
relator o deputado socialista João Azevedo Castro, entre 2003 e 2013,
verificou-se uma quebra na ordem dos 70% do número total de explorações
leiteiras, com incidência sobre as de menor dimensão. As
explorações com menos de 50 animais apresentam assim, no período em
causa, uma redução de 75%, enquanto o número de explorações de maior
efetivo (superior a 100 animais) aumentou 85%, sendo que, a partir de
2013, “constata-se uma tendência para a estabilização” destes valores. De
acordo com os últimos dados disponíveis, a produção de leite de vaca
situou-se, em 2017, em 1.793 milhões de litros, sendo que a produção
média anual atingiu um máximo de 1.877 milhões de litros em 2015. No
que se refere à transformação do leite, entre 2010 e 2017, constata-se
“uma ligeira quebra na produção industrial total de laticínios – 8.995
toneladas a que corresponde uma variação de – 0,7%”. Já
o grau de autoaprovisionamento de produtos lácteos, entre 2010 e 2017,
é, “na globalidade, insuficiente”, fixando-se, em 2017, em 93,1%, abaixo
do pico de 97,2% atingido em 2014. Por último, o consumo humano de leite e produtos lácteos em Portugal “tem decrescido de forma contínua desde 2010”. A
descida do consumo ‘per capita’ dos diversos grupos de produtos
lácteos, com exceção da manteiga, revela, entre 2010 e 2017, uma
diminuição de 14,2 quilos por habitante no consumo. Destaca-se
o consumo de leite que, entre 2010 e 2017, caiu de 84 quilos por
habitante (kg/habitante) para 72,4 Kg/habitante, um decréscimo de 11,6
quilos correspondente a 13,8%. O grupo de
Trabalho do Setor Leiteiro foi criado em 2017, com a aprovação do PSD,
PS, BE, PCP e PAN, sendo que o PEV esteve ausente da reunião em que
ocorreu a votação. Para analisar a
situação do setor do leite os deputados decidiram ouvir as principais
entidades ligadas às áreas da produção, indústria, comércio,
fiscalização, regulação, consumo e saúde, de que são exemplo a
Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), a Lactogal, a
Federação Agrícola dos Açores, a Associação Portuguesa de Empresas de
Distribuição (APED), a Associação dos Produtores de Leite de Portugal
(APROLEP), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a
Autoridade da Concorrência (AdC) e a Autoridade para a Segurança
Económica e Alimentar (ASAE).Paralelamente, foram visitadas empresas do setor leiteiro, cooperativas e explorações agrícolas, entre outras.