Número de estrangeiros em Portugal duplicou em 10 anos
18 de dez. de 2023, 12:43
— Lusa/AO Online
Num
retrato da “população estrangeira e dos fluxos migratórios em
Portugal”, por ocasião do Dia Internacional das Migrações que se
assinala esta segunda-feira, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel
dos Santos, procurou avaliar o número e as condições de vida dos
imigrante ou a evolução das concessões de nacionalidade e de títulos de
residência.O estudo concluiu que 76% dos
estrangeiros são originários de países extracomunitários, com uma taxa
de desemprego mais do dobro da média nacional, ganhando, em 2021, uma
estimativa de “menos 94€ mensais do que a média nacional”. Só
em 2022, “entraram em Portugal 118 mil imigrantes, o valor mais alto
desde que há registo”, tendo saído 31 mil para fora, “menos 23 mil (-
43%) do que o registado no ano marcado pelo maior número de saídas, em
2013”.No ano passado, viviam em Portugal
798.480 cidadãos estrangeiros em situação legal ou em regularização
pelos serviços, representando 7,6% do total da população. “Nos
últimos 15 anos, a nacionalidade portuguesa foi atribuída a cerca de
meio milhão de estrangeiros (468.665), residentes e não residentes em
Portugal”, refere o Pordata, salientando que essa concessão foi dada
maioritariamente a cidadãos não residentes no país nos últimos dois anos
e, em 2022, um terço das atribuições de nacionalidade destinaram-se a
descendentes de judeus sefarditas portugueses.O
número de imigrantes diminuiu entre 2010 e 2015 mas, desde então tem
havido um aumento muito grande e, como exemplo, entre 2018 e 2019, o
crescimento foi de mais de 110 mil estrangeiros. “Em
comparação com a população portuguesa, a população estrangeira em
Portugal tem uma proporção superior de homens e é mais jovem”, com uma
idade mediana de 37 anos, menos sete que os valores dos portugueses.“As
nacionalidades mais representativas em Portugal são a brasileira
(29,3%), britânica (6%), cabo-verdiana (4,9%), italiana (4,4%), indiana
(4,3%) e romena (4,1%)”, pode ler-se no relatório do Pordata.Este
aumento da população estrangeira reflete-se no sistema de ensino, com o
número de imigrantes inscritos a duplicar em cinco anos, passando para
105.955 no ano letivo de 2021/22. No 1.º ciclo, uma em cada 10 crianças é estrangeira e um terço dos doutorandos é imigrante. No
plano laboral, segundo o Eurostat, citado pelo Pordata mais de terço
têm contrato de trabalho temporário (a média é de 16% entre os
trabalhadores portugueses) e Portugal é o quarto país da União Europeia
com maior precariedade laboral entre os estrangeiros.No
que respeita à pobreza ou exclusão social, 31% dos estrangeiros
residentes em Portugal estão nesse patamar, 11 pontos acima da média da
população portuguesa, com esse problema a ser particularmente sentido
entre quem vem de fora da Europa (34%).“Desde
2019 que o número de imigrantes é três vezes maior do que o de
emigrantes, contribuindo para os saldos migratórios positivos”, mas o
número de emigrantes continua a ser relevante, refere o Pordata, que faz
também uma análise do tema. “Em 2022,
saíram de Portugal 31 mil emigrantes, menos 23 mil do que o registado no
ano marcado pelo maior número de saídas, em 2013” e, entre o perfil,
destaca-se o facto de dois terços serem homens, com quase metade (47,6%)
com o ensino superior. Entre os que
saíram no ano passado, 51% foram para outro Estado-membro e, numa
análise aos anos anteriores, o Pordata concluiu que “em 2016, 2018, 2019
e 2021, saíram mais emigrantes com ensino superior do que com o ensino
básico”.