Novo universo eleitoral dos emigrantes testado em europeias e legislativas
2019
11 de dez. de 2019, 12:56
— Lusa/AO Online
Pela
primeira vez, os portugueses residentes no estrangeiro puderam também
optar entre votar presencialmente nos consulados ou por via postal nas
eleições legislativas.As duas medidas
resultaram da aplicação das alterações legislativas aprovadas em julho
de 2018 pelo parlamento e classificadas pelo então secretário de Estado
das Comunidades, José Luís Carneiro, como a mais "importante alteração
política para os emigrantes dos últimos 40 anos".
Nas eleições europeias de maio, o voto foi exclusivamente presencial e o
número de eleitores residentes no estrangeiro passou de cerca de 245
mil em 2014 para 1.431.825.A taxa de
participação nos círculos da emigração ficou abaixo de 1% (2,09% em
2014), embora tenha havido mais emigrantes a votar, passando de perto de
cinco mil para mais de 13.700.Portugal
elegeu 21 representantes num Parlamento Europeu com 751 lugares. O PS
foi o partido mais votado, com nove eleitos e cerca de 33,4% dos votos,
seguindo-se o PSD, com 21,9% e seis mandatos.O
BE obteve 9,8% e dois eurodeputados, os mesmos que a CDU, apesar de a
coligação entre PCP e PEV só ter conseguido 6,9% dos votos. O CDS-PP
ficou em quinto, com 6,2% e um mandato, e o PAN em sexto, com 5,1%,
elegendo pela primeira vez um eurodeputado.A abstenção global - em território nacional e no estrangeiro - foi de 69,05%.No estrangeiro, a abstenção foi de 99,04%.Nas
legislativas, o número de votantes nos círculos da emigração aumentou
em quase 130 mil, mas a taxa de abstenção foi mais alta do que em 2015.Apesar
de o número de votantes no estrangeiro ter passado de 28.354, em 2015,
para 158.252, nas eleições de 06 de outubro (+129.898), a taxa de
abstenção subiu ligeiramente, situando-se em 89,2% face aos 88,3% do
sufrágio anterior.A taxa de votos nulos
foi de 22,3%, o que corresponde a 35.331, um número considerado
anormalmente alto (cerca de 11 vezes mais do que em 2015), o que motivou
um pedido dos sociais-democratas (PSD) ao Tribunal Constitucional (TC)
para que os votos considerados nulos por não estarem acompanhados de uma
cópia do Cartão do Cidadão (CC) fossem contabilizados como abstenção.O
recurso não chegou a ser apreciado pelo TC, que estipulou que uma
votação apenas poderia ser julgada nula no caso de as ilegalidades
objeto de protesto poderem vir a influenciar o resultado geral da
eleição, considerando que este não era o caso. Apesar
de nas legislativas de 06 de outubro ter sido dada, pela primeira vez,
aos emigrantes a opção pelo voto presencial, apenas 2.242 (0,15%) dos
1.466.750 eleitores registados escolheram votar nos consulados.A
opção pelo voto presencial foi exercida em apenas 40 dos 186 países
onde existem eleitores portugueses registados, com o maior número de
pedidos a chegar do círculo Fora da Europa.A
França, que concentra mais de 400 mil recenseados, teve apenas 24
pedidos de votos presenciais, segundo dados da Administração Eleitoral.O Brasil, com 220.610 inscritos nos cadernos eleitorais, registou o maior número de pedidos para votar nos consulados, 1.335.No
círculo da Europa, nenhum país ultrapassou a centena de pedidos para
votar presencialmente, com a França a destacar-se por ser o país com
maior número de eleitores registados no estrangeiro (402.527) e apenas
24 portugueses que optaram por votar nos consulados.As
duas eleições foram marcadas por problemas de votação com queixas de
falta de informação, extravio e devolução de boletins, atrasos na
chegada das cartas para a votação postal e falta de registo nos cadernos
eleitorais nos consulados a chegarem de vários países.Os
votos dos emigrantes portugueses elegeram pelo círculo da Europa Paulo
Pisco (PS) e o Carlos Gonçalves (PSD), e pelo círculo fora da Europa
José Cesário (PSD) e Augusto Santos Silva (PS), que foi substituído no
Parlamento por continuar a integrar o Governo como ministro dos Negócios
Estrangeiros. Assim, o PS elegeu nas legislativas de 06 de outubro um total de 108 deputados e o PSD 79.Para
a Assembleia da República elegeram ainda deputados o Bloco de Esquerda
(19 deputados), PCP-PEV (12), CDS-PP (5), PAN (4), Chega (1), Iniciativa
Liberal (1) e Livre (1).