Novo primeiro-ministro promete “mudanças e ruturas”
França
6 de set. de 2024, 16:27
— Lusa/AO Online
“Tratar-se-á
de responder, na medida do possível, aos desafios, à ira, ao
sofrimento, ao sentimento de abandono, de injustiça”, declarou Michel
Barnier na cerimónia de posse, apontando entre as suas prioridades a
educação, a segurança, a imigração, o trabalho e o poder de compra. Prometeu também “dizer a verdade” sobre “a dívida financeira e ecológica” de França.Após
60 dias de impasse, na sequência das eleições legislativas de julho,
que deram origem a uma Assembleia Nacional muito fragmentada, o
primeiro-ministro mais velho da V República - o sistema político em
vigor em França desde 1958 -, de 73 anos, sucedeu a Gabriel Attal, de 35
anos, o mais novo.Com uma sólida
experiência tanto em França como em Bruxelas, Michel Barnier tem
reputação de ser um bom mediador: foi o negociador da União Europeia
(UE) durante o processo de saída do Reino Unido do bloco comunitário
(‘Brexit’).Antes disso, tinha sido várias
vezes ministro desde 1993, nomeadamente durante as presidências de
Jacques Chirac e de Nicolas Sarkozy.Depois
de intermináveis semanas de consultas, Macron “encarregou-o de formar
um Governo de unidade” nacional, afirmando ter-se assegurado de que “o
primeiro-ministro e o Governo vindouro reunirão as condições para serem o
mais estáveis possível e terem a oportunidade de reunir o maior número
possível de apoios”, declarou a presidência.Mas
o novo primeiro-ministro, que já está a ser contestado pela esquerda,
terá de fazer-se valer de todas as suas qualidades diplomáticas para
formar um Governo capaz de escapar à censura parlamentar e pôr fim à
mais grave crise política da V República.Uma
missão a raiar o impossível, uma vez que ainda não surgiu nenhuma
coligação viável. A Assembleia Nacional resultante das eleições
legislativas de julho - convocadas após a dissolução da câmara baixa do
parlamento francês, decidida pelo chefe de Estado na sequência da
derrota da sua maioria nas eleições europeias - está dividida em três
blocos: esquerda, centro-direita e extrema-direita.