Novo presidente da SATA admite que reestruturação da empresa vai “doer”
10 de dez. de 2019, 10:09
— Lusa/AOOnline
"A empresa tem uma série de problemas
estruturais graves. O seu modelo de negócios não é sustentável",
reconheceu o novo administrador, ouvido pelos deputados da Comissão de
Economia da Assembleia Regional, adiantando que, perante este cenário,
são necessárias "medidas estruturais marcantes que, além de doer, vão
demorar tempo".Quando questionado pelos
deputados, Luís Rodrigues escusou-se a dizer se se referia aos
trabalhadores do Grupo SATA ou eventualmente aos quadros intermédios da
empresa, sendo certo que o Governo Regional já tinha anunciado que é
preciso reduzir os custos com pessoal para apenas 18% do volume total de
faturação da empresa.O novo administrador
falou também das contas da companhia aérea açoriana (que tem
apresentado sucessivos resultados negativos), para dizer que é possível
"equilibrar" os números, com base no crescimento do turismo, no aumento
do poder de compra da classe média e no mercado da diáspora.Luís
Rodrigues, que já foi administrador da TAP, lembrou que só assumirá as
funções de presidente do Grupo SATA em janeiro de 2020, mas que, até ao
verão do próximo ano, terá de se deslocar frequentemente a Lisboa,
devido a compromissos académicos.O novo
presidente da SATA indigitado revelou também que a única imposição que
colocou ao Governo, para aceitar o cargo, foi a de ter "carta branca"
para escolher os restantes membros do Conselho de Administração,
escusando-se, por outro lado, a revelar qual o vencimento que irá
auferir nestas novas funções.Os
jornalistas contavam também poder interrogar o novo presidente da SATA,
mas, à saída da reunião, Luís Rodrigues disse que só falava à
comunicação social depois de tomar posse.Os
partidos da oposição que participaram nesta audição não esconderam, no
final, o seu desagrado por o novo presidente indigitado não ter
respondido a muitas das questões levantadas pelos deputados.Vasco
Viveiros, do PSD, admitiu mesmo estar "desapontado", porque esperava
que Luís Rodrigues tivesse, nesta altura, "um melhor conhecimento dos
problemas da empresa" e, mais do que isso, soluções concretas para
implementar.Também Paulo Estêvão, do PPM,
esperava ouvir mais pormenores sobre a reestruturação da empresa e não
apenas "respostas vagas" como aquelas que obteve de Luís Rodrigues: "eu
coloquei um conjunto variado de questões, mas o senhor não me
respondeu!".A deputada independente Graça
Silveira entendeu que a audição a Luís Rodrigues deixou muitas dúvidas
aos deputados, sobretudo quando disse que o processo de reestruturação
iria "doer", sem esclarecer o que pretendia dizer com isso.Pelo
Bloco de Esquerda, António Lima disse esperar que não sejam os
trabalhadores da SATA os principais visados pelas declarações do novo
presidente da empresa, recordando que os maus resultados financeiros
"são culpa da má gestão" da companhia e não do seu quadro de pessoal.Por
seu lado, o socialista Carlos Silva considerou que a oposição não tem
razões para criticar, recordando que Luís Rodrigues respondeu, durante
uma hora e meia de audição, a todas as perguntas colocadas pelos
deputados."Essa crítica não coincide com o que se passou lá dentro", afirmou.O
novo administrador da SATA vai substituir no cargo António Luís
Teixeira, que apresentou uma plano de reestruturação financeira da
companhia aérea, que não terá sido aceite pelo Governo Regional,
situação que terá originado a sua demissão.De
acordo com o relatório de contas do primeiro semestre de 2019, o Grupo
SATA está a atravessar graves dificuldades económicas, registando
prejuízos de 26,9 milhões de euros na SATA Internacional e de 6,6
milhões na SATA Air Açores, em apenas seis meses.