Novo hospital de Ponta Delgada “não será apenas betão”

Hoje 15:00 — Lusa

“O futuro do HDES [Hospital do Divino Espírito Santo] está a ser definido, seguindo os trâmites legais a que a administração Central do Sistema de Saúde obriga. Decorrem semanalmente as reuniões da comissão de análise, processo tecnicamente complexo e moroso”, disse hoje Mónica Seidi no segundo dia do debate do Plano e Orçamento da região para 2026, na Assembleia Regional, na Horta.Na sua intervenção, a secretária regional da Saúde e Segurança Social do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), adiantou que “já foi identificada uma preferência clara por um dos programas funcionais que no geral prevê a remodelação do atual edifício, a ampliação do Serviço de Urgência/Unidade de Cuidados Intensivos, a área de ambulatório e mais unidades de internamento”, mas assegurou que “o novo HDES não será apenas betão”.“É necessário também diferenciar a resposta aos nossos utentes. Prova disso mesmo é a possibilidade de aquisição de um aparelho de PET, para exames dirigidos maioritariamente aos doentes oncológicos, que prevê uma poupança superior a 500 mil euros ao ano, evitando deslocações para o exterior da região”, explicou.Segundo a governante, na área da saúde, o Governo Regional “deixará, como parte do seu legado, um novo e um moderno HDES”.Em 04 de maio de 2024, o maior hospital dos Açores foi afetado por um incêndio, que obrigou à transferência de todos os doentes para outras unidades de saúde da região, da Madeira e do continente.Os serviços do hospital reabriram de forma faseada e foi instalado um hospital modular junto ao edifício do HDES, que será alvo de obras de recuperação e modernização.Mónica Seidi também referiu que em 2026 o executivo regional manterá o seu foco: “as pessoas estão sempre no centro de ação governativa, sobretudo as mais vulneráveis”.No debate que se seguiu, José Toste (PS), referiu que a saúde é o setor da governação que “mais preocupa os açorianos” e admitiu que a reconstrução do HDES é um tema incontornável, por ser “o maior hospital da região e o principal polo de referenciação para milhares de açorianos”.O parlamentar considerou que a sua recuperação é inadiável, mas é fundamental que o processo deixe de ser “hesitante”, “adiado” e “sem orientação”.“Mas, sejamos claros. O novo HDES, por si só, não vai resolver os problemas estruturais. É necessário um plano de recursos humanos de longo prazo, o fortalecimento efetivo dos cuidados de saúde primários e da deslocação de especialistas, uma aposta séria na prevenção e no rastreio, tudo isso acompanhado de estabilidade na gestão das unidades de saúde”, disse.Para Hélia Cardoso (Chega), a manutenção da urgência do HDES na estrutura modular é solução desajustada e o Governo Regional deve revê-la.“Deem outra utilização aos módulos, tirando partido da sua flexibilidade. E, quando as obras efetivamente começarem, utilizem-no [o hospital modular] então para o serviço de urgência”, defendeu.O deputado do BE António Lima afirmou que no próximo ano o executivo “adia decisões fundamentais para os Açores e para a saúde”: “Adia investimentos em centros de saúde, adia decisões e adia a concretização do chamado novo HDES”.Já a parlamentar social-democrata Salomé Matos destacou que o Governo Regional aproveita verbas disponíveis para investimento “em infraestruturas e equipamentos que vinham a degradar-se e apresentavam-se obsoletos fruto de um desinvestimento crónico a que se tem assistido”.O deputado Nuno Barata (IL) referiu, por sua vez, que, se tivesse poder de decisão, não teria instalado o hospital modular de Ponta Delgada, mas “já que o investimento está feito […] há que potenciar e há que utilizar até ao máximo das suas potencialidades”.