Novo Governo dos Países Baixos focado no clima e em centrais nucleares
10 de jan. de 2022, 12:52
— Lusa/AO Online
O
novo Governo, batizado como “Rutte IV”, pretende construir duas
centrais nucleares e prevê gastar 35.000 milhões de euros ao longo da
próxima década no âmbito do combate ao aquecimento global, que constitui
uma grande ameaça para os Países Baixos, cujo território está um terço
abaixo do nível do mar.Segundo Rutte,
conhecido por andar de bicicleta, a coligação pretende enfrentar o
problema do aquecimento global “ao longo da próxima geração” num país
fortemente dependente do gás.Os Países
Baixos têm, pela primeira vez, um Ministério do Clima e da Energia,
tutelado por Rob Jetten, 34 anos, e o novo Governo anunciou o objetivo
de tornar o país neutro em termos climáticos até 2050.A
curto prazo, uma das primeiras tarefas do novo executivo será decidir
se prolonga o “confinamento” em vigor até à próxima sexta-feira no país,
onde os casos de covid-19 têm vindo a atingir níveis recordes.A
nova equipa governativa, investida numa cerimónia oficial no Palácio
Noordeinde, sede do parlamento, em Haia, tem um número recorde de
mulheres, precisamente metade (10) dos 20 ministros. De um total de nove
secretarias de Estado, quatro são lideradas também por mulheres.Um
dos cargos mais importantes foi para Sigrid Kaag, a primeira mulher
ministra das Finanças, que, infetada com o coronavírus SARS-CoV-2, foi
empossada por videoconferência, procedimento também inédito no país,
substituindo Wopke Hoekstra, que passou a tutelar o Ministério dos
Negócios Estrangeiros.Rutte promete um
novo começo, apesar de ser primeiro-ministro desde 2010, tornando-o o
segundo líder mais antigo da União Europeia (UE), depois do húngaro
Viktor Orbán.Apesar de um recorde de 271
dias de negociações após as eleições legislativas de meados de março, a
nova coligação governamental é composta pelos mesmos quatro partidos do
último Governo: o VVD (centro-direita) de Rutte, o D66
(centro-esquerda), o CDA (centro-direita) e os Cristão Unidos
(conservadores).O Governo cessante
renunciou em janeiro de 2021 na sequência de um escândalo relacionado
com abonos de família e a acusação indevida de milhares de pessoas de
fraude.Apelidado de primeiro-ministro
“Teflon”, pela sua capacidade de permanecer no poder apesar dos
escândalos e crises políticas, Rutte disse, em dezembro de 2021, que
queria que o seu novo Governo “restaurasse a confiança”.Também terá de enfrentar a crise imobiliária nos Países Baixos e a questão sensível do combate à pandemia de covid-19.No
cargo das Finanças, Kaag, uma ex-diplomata de 60 anos, poderá aliviar
as tensões em Bruxelas, sendo os Países Baixos um dos quatro Estados
considerados “frugais”, tal como a Áustria, Dinamarca e Suécia,
partidários da austeridade orçamental e frequentemente colidindo com os
Estados do sul da Europa.