Novo estatuto para a Pequena Agricultura Familiar em vigor até março de 2018
27 de dez. de 2017, 07:29
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o ministro da Agricultura, Florestas e
Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, explicou que em causa está
uma “carta de direitos” para um “segmento com um impacto e uma
importância social muito superior à sua importância económica, […]
porque se trata da população rural que ocupa os territórios, cujo
despovoamento das últimas décadas foi tão tristemente ilustrado na
recente tragédia dos incêndios”.Desde
logo, segundo o governante, “pretende-se que a pequena agricultura
tenha acesso prioritário às medidas de apoio da União Europeia, seja no
investimento, seja outras medidas de apoio ao rendimento”.Ao
mesmo tempo, prevê-se que estes agricultores tenham um “sistema de
segurança social e fiscal mais favorável”, bem como “um regime
específico no que diz respeito às normas de higiene e segurança
alimentares nas pequenas leitarias, salsicharias, queijarias”, que seja
“mais simples do que aquele que é exigido à indústria em geral”, isto
“sem prejuízo das regras elementares no que diz respeito à segurança dos
consumidores”, precisou.“Queremos
também facilitar o acesso aos mercados locais e introduzir medidas de
apoio nesse sentido, já que a comercialização dos produtos é o problema
principal dos pequenos agricultores”, apontou Capoulas Santos.Em
causa estão ainda medidas como a adequação das exigências ao tipo de
agricultura, desde logo no volume de produção comercializada, a criação
de linhas de crédito específicas para este segmento e a cedência de
prioridade para arrendar terras do Estado.O
Governo criou em setembro passado um grupo de trabalho com a missão de
apresentar, até à terceira semana de novembro, propostas para o Estatuto
para a Pequena Agricultura Familiar, segundo um diploma publicado na
altura.Antes, o
Governo tinha criado a Comissão Interministerial para a Pequena
Agricultura Familiar, em funções desde o final de agosto para elaborar
este estatuto.Nos
últimos 20 anos, segundo o Governo, tem desaparecido um elevado número
de pequenas explorações, fixando-se atualmente em cerca de 284 mil
explorações qualificadas como familiares, que representam 93% do número
total de explorações e 49% da superfície agrícola útil.“O
mundo rural vivo exige pessoas e para que as pessoas nele vivam têm de
ter condições dignas. E é através deste estatuto que queremos melhorar
um pouco as condições de vida deste segmento tão importante da nossa
agricultura”, notou Capoulas Santos.O
ministro da Agricultura explicou que, para ter este estatuto, é
necessário ser reconhecido como pequeno agricultor familiar, título que é
obtido mediante condições como ter mais de 18 anos, uma exploração
agrícola na qual a mão-de-obra assalariada não é superior à da família,
propriedade cadastrada e uma faturação inferior a cerca de 20 mil euros.Apesar
de admitir que nem todos os produtores cumpram estes requisitos, o
responsável disse estar “convencido de que será muito elevado o número
daqueles que têm condições para beneficiar deste estatuto”.O
governante estimou que “até ao final do primeiro trimestre de 2018”
este estatuto esteja em vigor, após uma aprovação final em Conselho de
Ministros, promulgação e publicação em Diário da República.