Novo concurso para aquisição de navios elétricos nos Açores custa mais 5,5 milhões de euros
19 de nov. de 2024, 17:16
— Lusa/AO Online
“Na
altura do anterior concurso, pareceu-nos que aquele valor seria o mais
adequado, mas com a experiência deste último concurso, e de forma a
garantir que pudessem aparecer melhores soluções e termos mais
concorrentes, optámos por um aumento do valor do concurso para os 30,5
milhões”, explicou, em declarações a Lusa, a presidente do conselho de
administração da Atlânticoline, Isabel Dutra.A
Atlânticoline, empresa pública que assegura o transporte marítimo de
passageiros e viaturas nos Açores, lançou um novo concurso para a
aquisição de dois navios elétricos, depois de o primeiro, lançado em
janeiro, ter ficado deserto e de o segundo, em abril, ter sido anulado
pela empresa.O concurso, publicado em
Jornal Oficial, define como preço base 30,5 milhões de euros, quando o
anterior tinha sido lançado por 25 milhões de euros.Inicialmente,
estava previsto que o investimento fosse assegurado na totalidade pelo
Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas, com o aumento do preço
base, a empresa poderá ter de recorrer à banca para assegurar o
remanescente.“À partida será através de um
empréstimo, mas iremos continuar a encontrar soluções e se houver
outras formas de financiamento iremos aproveitar”, adiantou Isabel
Dutra.“Neste momento, a garantia que temos do PRR são 25 milhões. É aquilo que temos assinado em contrato”, acrescentou.Para
aceder aos fundos do PRR, a empresa tinha de adquirir os navios até ao
final de 2025, mas estima agora contar com um período adicional de seis
meses.“Prevê-se que os navios sejam
entregues até 30 de junho de 2026, entrando em funcionamento no segundo
semestre de 2026”, indicou a presidente do conselho de administração.Questionada
sobre o alargamento do prazo, Isabel Dutra revelou que estão a decorrer
“conversações com a Comissão Europeia e, portanto, tudo indica que será
possível”.A administradora da Atlânticoline disse ainda acreditar que continua a ser possível aceder aos fundos do PRR.“Estamos
convictos de que sim. O prazo passará de 31 de dezembro de 2025 para 30
de junho de 2026 e, portanto, estamos convictos de que irão aparecer
concorrentes, caso contrário não teríamos avançado com este novo
concurso”, apontou.Em outubro, Isabel
Dutra admitiu a possibilidade de o concurso lançado em abril ser
anulado, alegando que o consórcio vencedor, composto pelas empresas
Transinsular e Navaltagos, se recusou a assinar o contrato.“Infelizmente,
o concurso não teve o desfecho que estávamos a contar tendo em conta
que, já depois de termos adjudicado a proposta, o consórcio vencedor
veio solicitar alterações, quer ao prazo de execução, quer às
características técnicas dos navios, alterações essas que contrariavam o
que estava definido no caderno de encargos”, explicou, na altura, em
declarações à Lusa.A Atlânticoline
colocou em cima da mesa a possibilidade de uma adjudicação direta, mas
optou por lançar um novo concurso público.“A
decisão foi avançar com um concurso público internacional e assim não
estaríamos a limitar a concorrência, o que iria acontecer no caso de um
ajuste direto”, justificou Isabel Dutra.A
empresa Navaltagus contestou em tribunal a caducidade da adjudicação,
mas a administradora disse que a ação não impede o lançamento de um novo
concurso.“É um direito que assiste ao
consórcio lutar por aquilo que entende que são os seus direitos, mas de
forma alguma a ação coloca em causa ou inviabiliza o lançamos deste
terceiro concurso”, explicou.