Novo Banco lamenta estar a ser usado “em manobras político-mediáticas”
21 de mai. de 2020, 11:59
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o Novo Banco diz que é “seguramente uma das entidades
bancárias mais escrutinadas, tanto a nível nacional como a nível
europeu, fruto, aliás, do processo que lhe deu origem”, tendo o próprio
presidente executivo, por várias vezes, se deslocado ao parlamento para
prestar todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados.“Se,
apesar de tudo, subsistem dúvidas sobre a criação e a forma como é
gerido o Novo Banco, como transpareceu, uma vez mais, do debate
parlamentar de ontem [quarta-feira] à tarde, os senhores deputados devem
procurar, através de todas as iniciativas, e sublinhamos todas as
iniciativas que estão nas suas atribuições, apurar tudo o que quiserem”,
disse.O Novo Banco reitera assim que está
disponível “para tudo esclarecer”, mas “não pode continuar a assistir a
constantes manobras que só prejudicam a sua atividade, perturbam o
esforço de recuperação duramente realizado por milhares de colaboradores
do banco, que diariamente servem centenas de milhares de clientes” e
esquecem a importância do Novo Banco para a economia do país, que “ficou
bem evidenciada, sobretudo nesta hora de maior dificuldade para as
empresas e famílias portuguesas”.O
primeiro-ministro, António Costa, disse na quarta-feira que, se a
auditoria ao Novo Banco vier a revelar falhas de gestão que
injustifiquem as injeções de capital, o Fundo de Resolução “tem toda a
legitimidade” para recuperar o dinheiro. A
coordenadora do BE, Catarina Martins, arrancou o debate quinzenal com a
questão do Novo Banco por considerar necessário saber o que mudou para
que “uma auditoria que era indispensável agora ser dispensável”,
deixando uma pergunta a António Costa: “quando a auditoria for
conhecida, como é? Se tiver sido mal gerido o Novo Banco, vamos lá
buscar o dinheiro?”.Em resposta, o primeiro-ministro começou por distinguir “os diferentes intervenientes” do Estado."Se
pelo Estado se refere ao Fundo de Resolução, que é quem tem feito as
injeções de capital no Novo Banco, não tenho a menor das dúvidas de que,
se a auditoria vier a dizer que o banco cometeu falhas de gestão que
injustificavam as injeções que forem feitas, o Fundo de Resolução tem
toda a legitimidade para agir no sentido da recuperação do dinheiro que
desembolsou e que não tinha que desembolsar”, considerou.Costa
foi mais longe e disse mesmo estar “aliás desconfiado” que, sendo o
Fundo de Resolução financiado pelos outros bancos, “concorrentes do Novo
Banco”, que estes “não estejam propriamente disponíveis para financiar a
má gestão do Novo Banco”.No que diz
respeito ao “Estado-Governo”, o papel que este tem, de acordo com o
primeiro-ministro, “não é injetar dinheiro no Novo Banco, é emprestar
dinheiro ao Fundo de Resolução”."Se depois
o dinheiro que o Fundo de Resolução injetou no Novo Banco foi mal
injetado e isso vier a ser verificado na auditoria, com certeza que o
fundo de resolução terá de retirar daí as necessárias ilações”, apontou.Em
causa está uma nova transferência do Estado para o Fundo de Resolução
de 850 milhões de euros destinados à recapitalização do Novo Banco, que
foi conhecida na semana passada.