Novo aeroporto de Lisboa justifica existência de "estrutura própria" para gestão

22 de jun. de 2011, 13:00 — Lusa/AO Online

A Inspeção-Geral de Finanças (IGF) realizou, em 2009, auditorias a quatro empresas do grupo ANA, e no relatório de atividades de 2010 publicado na segunda-feira refere uma empresa participada daquele grupo “que se limita à contratação de estudos e pareceres”, não tendo “nunca demonstrado que a sua existência seja a melhor solução em termos de interesse público”. O jornal i, que noticiou hoje o relatório da IGF, deduz que a empresa seja a NAER, criada em 1998 pelo então ministro socialista João Cravinho com o objetivo de desenvolver os “trabalhos necessários à preparação e execução das decisões referentes aos processos de planeamento e lançamento da construção de um novo aeroporto”. João Cravinho, que salientou estar afastado deste tema há 12 anos, afirmou à Lusa que “estando viva e atuante a decisão política de realizar um novo aeroporto”, lhe parece “que isso exige uma estrutura sólida, dedicada exclusivamente” a esse projeto, que classifica como “um empreendimento hercúleo”, em particular dadas as circunstâncias de saturação da Portela. O objetivo da criação da NAER “era preparar e gerir todo o processo de preparação do novo aeroporto de Lisboa. E isto tinha que ser feito por uma estrutura própria. Lançar, preparar o projeto, lançar as operações que teriam de ser levadas a cabo e acompanhar mais tarde a própria construção”, explicou o ex-ministro. No começo do mês, questionado pela Lusa acerca da continuidade da NAER após a finalização dos estudos preparatórios para o novo aeroporto, o presidente da comissão executiva da empresa, Carlos Madeira, respondeu que “a estrutura produtiva da NAER foi (quase totalmente) desativada e os colaboradores que ali colaboravam encontram-se neste momento a trabalhar noutros projetos em empresas do Grupo ANA ou foram trabalhar para o estrangeiro”. O responsável por aquela empresa acrescentava, ainda, que qualquer decisão sobre o futuro da NAER passará, necessariamente, pelos acionistas da empresa.