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Nove projetos selecionados no programa-piloto “Mão em Mão”

O projeto do arquiteto português com naturalidade suíça, Joel Lopes Fernandes, que vive em São Miguel há quatro anos, foi o que teve a melhor pontuação de entre os nove projetos selecionados para serem implementados nos Açores no seguimento da convocatória “Mão em Mão”.


Autor: Rui Jorge Cabral

Este programa-piloto foi uma iniciativa lançada em julho pela candidatura de Ponta Delgada/Açores a Capital Europeia da Cultura - Azores 2027 e pela CRESAÇOR - Cooperativa de Economia Solidária, com o objetivo de desafiar pessoas, grupos informais e associações de várias áreas a apresentarem pequenas propostas culturais, sociais e educativas.

Conforme refere a Azores 2027 em nota de imprensa, os nove projetos selecionados - oriundos das ilhas de São Miguel, Faial, Terceira, Corvo e Holanda - terão um apoio financeiro de 1500 euros e serão implementados até 1 de janeiro de 2022.

O projeto mais pontuado, de Joel Lopes Fernandes, consiste na colocação de bússolas informativas e interativas em pontos estratégicos de espaços públicos junto ao mar em cada uma das ilhas, com vários elementos desenhados, nomeadamente coordenadas geográficas, informações científicas, ícones ilustrativos, símbolos e pictogramas, apontamentos poéticos de escritores, letras de músicos açorianos, curiosidades açorianas, referências históricas e indicação de distâncias entre ilhas.

Em segundo lugar, refere a Azores 2027 em nota de imprensa, ficou o projeto submetido por Sara Vanessa Santos, em nome da associação cultural Teatro de Giz, da ilha do Faial, e que consiste na itinerância da leitura encenada “O Piquenique na Guerra”, de Fernando Arrabal, pelas freguesias das ilhas vizinhas do Pico e São Jorge. Em terceiro lugar, ficou o projeto de Henrique Constância, natural de Ponta Delgada, mas a viver em Amesterdão, na Holanda, onde estuda violoncelo.

Neste projeto, o grupo musical Mankes Piano Quartet, do qual Henrique Constância é fundador, vai trazer a São Miguel uma performance de música clássica com obras de Mozart, e promover oficinas musicais junto de grupos de música tradicional de duas comunidades de São Miguel, na Lagoa e em Rabo de Peixe.

“Rede de Memórias”, de Vânia Chagas, do Corvo, foi outro dos nove projetos financiados e consiste na recolha de histórias de vida de mulheres das ilhas do Corvo e Flores, que vai dar origem à edição de um livro e à criação de uma plataforma digital.

O projeto “Devolver a Raiz ao Quadrado”, de Cláudia Camacho, da ilha Terceira, pretende através de uma plataforma digital mapear as nove ilhas dos Açores com experiências e relatos orais e a procura de produtos e produtores, com o objetivo de responder à questão: “A que cheira os Açores”?

Bruno Márquez, arquiteto chileno, apresentou o projeto da criação de um Herbário Comunitário para aprofundar o conhecimento sobre a flora nativa e endémica dos Açores e divulgar o património natural do arquipélago, a partir do Nordeste, em São Miguel.

Nuno Malato, outro arquiteto a viver em São Miguel, propõe a criação de uma coleção de seis postais, de 250 exemplares cada, sobre os temas: Identidade Social; Humano, Natureza e Sustentabilidade; Urbanidade; Turismo; Tradição e Perspetivas Subversivas. Artistas com ligações ao território açoriano serão convidados a criar as imagens dos postais.

Pedro Garcia Bautista apresentou como projeto o espetáculo de teatro “Mar de Saudade”, que resulta da parceria entre a companhia de Teatro Vice-Versa, de São Miguel e a Associação Teatro Bolo de Caco, da Madeira. A peça será apresentada no Funchal e voltará aos Açores em formato de curta-metragem, contando a história da primeira noite passada por quatro pescadores nas Bermudas, dois da Madeira e dois de São Miguel.

O nono projeto selecionado, “Natureza Reconectiva”, é da autoria do saxofonista micaelense Luís Senra, prevendo uma performance num jardim de São Miguel e workshops de imaginação musical e de recriação de paisagens sonoras - atividades dirigidas ao público em geral, mas também a públicos com necessidades especiais - utilizando e criando instrumentos não convencionais.

“Mão em Mão” teve 53 candidaturas dos Açores, continente e estrangeiro

As nove propostas selecionadas no programa-piloto “Mão em Mão” resultaram de um total de 53 candidaturas oriundas de sete ilhas - São Miguel, Santa Maria, Terceira, Pico, Faial, Flores e Corvo -  bem como de Portugal continental e de países como a Noruega, a Bélgica e a Holanda.

Conforme refere a Azores 2027 em nota de imprensa, entre os critérios de seleção estavam a cooperação e colaboração entre ilhas e concelhos; a aproximação entre diferentes gerações; a inclusão, a participação ativa e/ou capacitação de diferentes comunidades; a relação da cultura com o bem-estar, a natureza e sustentabilidade e novas formas de contar as narrativas dos Açores à Europa e ao Mundo.

Os critérios de avaliação tiveram ainda em conta a fundamentação, originalidade e capacidade de concretização da proposta (50%); o envolvimento de diferentes comunidades e criação de colaborações (10%); a estratégia de comunicação (10%); a estimativa de despesas e razoabilidade do orçamento (10%) e ainda o potencial de continuidade do projeto (20%).