Novas variantes exigem mais rapidez na sua descoberta e sequenciação
Covid-19
28 de dez. de 2020, 18:36
— Lusa/AO Online
“Quanto
mais um vírus circula, mais oportunidades tem para mudar. Estas
mudanças são normais e expectáveis, mas a maior parte pouco efeito tem
no seu comportamento”, afirmou a principal responsável técnica da luta
contra a pandemia da covid-19, Maria van Kerkhove.O
diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, salientou que é preciso
aumentar a capacidade de os laboratórios em todo o mundo serem capazes
de descobrir as sequências genómicas das mutações do vírus que forem
aparecendo, o que só se consegue com testagem.Van
Kerkhove indicou que as variantes até agora encontradas, originárias do
Reino Unido e na África do Sul são diferentes entre si, embora se
manifestem na mesma proteína do SARS-CoV-2.Aquela
que foi detetada primeiro no Reino Unido (e, entretanto, em outros
países, incluindo Portugal) “não apresenta diferenças significativas nas
hospitalizações ou mortalidade” que provoca, reiterou, mas tem maior
transmissibilidade, o que se poderá explicar porque as pessoas em que
foi detetada apresentam “maior carga viral”, referiu.Maria
van Kerkhove salientou que os estudos sobre as variantes, em que se
procura determinar se são mais resistentes às vacinas já provadas, entre
outros aspetos, demoram tempo, referindo que nos próximos dias se
deverão conhecer mais conclusões da investigação em curso, pelo menos
sobre a variante do Reino Unido.A
epidemiologista norte-americana salientou que até agora, “todas as
variantes descobertas podem ser controladas com as medidas que já se
tomam” desde o início da pandemia.Quanto
às restrições nas fronteiras à entrada de pessoas oriundas de países que
comunicam a existência destas variantes, a OMS considera que “mais
importante que bloquear fronteiras é tentar diminuir a transmissão” do
vírus na comunidade, mas continua a deixar ao critério de cada país o
controlo das suas fronteiras.No entanto, o
diretor do programa de emergências sanitárias da OMS, Mike Ryan,
salientou que “os países não devem ser castigados” por partilharem
abertamente informação sobre a existência de novas mutações em
circulação na sua população.Mike Ryan
afirmou que passado um ano sobre a descoberta de casos de pneumonia de
origem desconhecida na cidade chinesa de Wuhan, o mundo está mais bem
preparado para lidar com uma pandemia como a que ali começou no fim do
ano passado, mas que “esta ainda não foi ‘The Big One’”.“Precisamos de estar preparados para algo que pode ainda ser mais grave no futuro”, referiu.