Novas restrições sobressaltam viagens de portugueses do Reino Unido
Covid-19
21 de dez. de 2020, 12:05
— Lusa/AO Online
“Eu
tenho esta viagem planeada desde setembro porque preciso de tratar de
documentos legais. Mas o meu parceiro [que é britânico] já não vai e se
não fosse as circunstâncias excecionais, por mais que me custasse não
ver a minha família, cancelaria a viagem”, disse Renata Gomes à agência
Lusa. Desde o anúncio no sábado pelo
primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de novas medidas em Londres e
regiões do sudeste de Inglaterra, incluindo a recomendação contra as
viagens ao estrangeiro, que esta cientista e outros portugueses têm
procurado rapidamente informar-se sobre as consequências. As
companhias aéreas mantêm, por enquanto, os voos programados e vários
portugueses já viajaram para Portugal no fim de semana sem lhes ter sido
pedido qualquer teste, mas no domingo o Governo passou a exigir que os
passageiros apresentem um teste laboratorial de rastreio negativo ao
SARS-Cov-2. A restrição, com efeito a
partir das 00:00 de segunda-feira, foi decretada na sequência da
evolução epidemiológica no Reino Unido, onde foi identificada uma
variante mais contagiosa do novo coronavírus que provoca a doença
covid-19. “Eu já tinha um teste privado
marcado em Portugal, mas agora não sei se terá de ser feito no aeroporto
ou se poderei sair, ou se haverá alojamento ou uma área reservada para
ficar até saber do resultado”, questionou Renata Gomes, que vai viajar
hoje para o Porto. O conselheiro das
Comunidades Portuguesas Sérgio Tavares afirmou à Lusa ter conhecimento
de emigrantes que apressaram a saída do país no sábado para poder chegar
a França e depois a Portugal, outros cancelaram ou reprogramaram as
datas.“Há muitas pessoas que vão viajar
nos próximos dias e estão na expetativa, à espera do que a União
Europeia vai decidir na reunião de hoje. Não sabem como podem obter os
testes nem o que lhes pode acontecer se chegarem a Portugal e testarem
positivo”, explicou. Segundo comunicados
divulgados pelos ministérios da Administração Interna e da Saúde, em
caso de não serem portadores de um comprovativo do teste negativo, os
cidadãos serão conduzidos para “a realização do referido teste no
interior do aeroporto, através de profissionais de saúde habilitados
para o efeito”, ficando em isolamento.A
medida de restrição à entrada de passageiros oriundos do Reino Unido
“será atualizada de acordo com a evolução da situação”, adiantam ainda
as autoridades. Isa Ramirez é uma das que
já tinha decidido não viajar a Portugal este ano durante o Natal, apesar
da angústia de não poder visitar a mãe, que reside num lar de idosos. “Eu
trabalho num supermercado e o meu empregador não me iria pagar durante a
quarentena no regresso. Vou ter de falar com ela por videochamada com a
ajuda de uma empregada do lar”, contou à Lusa, emocionada. Esta
lisboeta pensa que as pessoas, incluindo portugueses, deviam seguir as
regras e evitar viajar nesta época para travar a transmissão do vírus,
mas Renata Gomes justifica que “cada caso é individual” e que muitas
pessoas têm razões fortes para querer ir a Portugal. Vários
países, incluindo Alemanha, França, Canadá, Holanda ou Itália,
decidiram suspender todas as viagens a partir do Reino Unido, após o
aparecimento de uma nova variante do SARS-CoV-2 que seria até 70% mais
contagiosa.Os países da União Europeia
(UE) vão reunir-se hoje, ao mais alto nível político, para coordenar
respostas à nova variante do SARS-CoV-2 descoberta no Reino Unido, numa
reunião de emergência convocada pela presidência alemã do Conselho.Nas
últimas 24 horas, o Reino Unido registou 35 mil novas infeções, quase o
dobro de há uma semana, enquanto que o número de mortos subiu em 236,
para um total de 67.401 desde o início da pandemia covid-19.