Novas medidas ajudam restaurantes dos Açores a dar resposta a “enorme procura”
Covid-19
10 de ago. de 2021, 19:00
— Lusa/AO Online
A
partir das 00h00 de segunda-feira entraram em vigor as novas medidas de
combate à pandemia da Covid-19 na região. Assim, nas ilhas de baixo
risco, São Miguel e Terceira (onde as regras são menos flexíveis), os
estabelecimentos de bebidas e discotecas já podem reabrir e os
restaurantes podem ter um máximo de oito pessoas por mesa (salvo se do
mesmo agregado familiar) e funcionar até três quartos da lotação, sem
qualquer limitação de horário (antes estavam a encerrar até às 23h00).Esta terça-feira,
à hora de almoço, no restaurante Aliança, famoso pelo bife à regional,
não havia mesas vazias e os funcionários corriam atarefados para dar
resposta a todos os pedidos.“As
novas medidas só vêm ajudar a melhorar ainda mais. Tudo o que fizerem
para nos deixarem trabalhar é muito bom, com as devidas condições e com
as regras que nos impõem, mas quanto mais flexíveis, melhor”, afirmou à
Lusa o responsável pelo restaurante, Nuno Oliveira.O
empresário não tem dúvidas ao afirmar que as novas medidas são “muito
boas”, mas disse ter dificuldade em quantificar os ganhos no primeiro
dia com as regras em vigor, uma vez que nas últimas semanas a “afluência
tem sido muito grande”.“Todos
os dias tenho dado negas a 50, 60 pessoas. Isso é por minha palavra de
honra. Todos os dias são reservas e reservas e reservas. Já não aceito
mais reservas, eu estou cheiíssimo. Isto está cheio de gente cá: não
está ao nível de 2019, mas está muito perto”, apontou.E acrescentou: “quem se queixar nessa altura que feche a porta durante o ano”.A
aguardar por mesa no Aliança está António Rita, cliente habitual, que
defende que os restaurantes são “espaços seguros”, uma vez que existem
“todos os cuidados para controlar a pandemia” da Covid-19.“Acredito
que é preciso retomar a normalidade possível. Grande parte da população
está vacinada, acho que já é altura de começarmos a desconfinar um
pouco mais e pôr as pessoas mais à vontade nos restaurantes, porque é um
dos sítios onde podemos estar à vontade”, afirmou.O
gerente da Taberna Açor, Pedro Raposo, também enalteceu as novas
medidas para a restauração, que vão ser “muito positivas” para o turismo
da região.O
empresário deu um exemplo concreto: existem “vários voos” que chegam à
ilha pelas 23h00 e muitos “turistas já não conseguiam comer porque
estava tudo fechado”.“Ainda
bem que fizeram novas medidas. A procura tanto de locais como
continentais ou estrangeiros tem sido muito abundante e com as
restrições dos horários estava a ser complicado gerir as reservas”,
apontou.Pedro
Raposo frisou, contudo, que os “restaurantes não podem deixar de
cumprir” com as regras de controlo da pandemia, seja para “transmitir
segurança” aos clientes, seja para “demonstrar aos governos que os
restaurantes estão preparados”.Com
as novas regras, a Taberna Açor vai alargar o horário mais uma hora,
até às 00h00. Ainda assim, devido à “enorme procura”, quando a Lusa
esteve no local só era possível reservar uma mesa para sábado à noite.“Agora
já conseguimos abrir até as 00h00, já conseguimos rodar mais umas mesas
o que é bom para a faturação e também é bom para quem nos está a
visitar. Peço desculpa aos açorianos e principalmente aos micaelenses,
porque não estamos mesmo a conseguir dar resposta à grande procura”,
disse.Uma grande afluência que vai tornando a pandemia da Covid-19 num “pesadelo” cada vez mais distante.“Estamos
a ter uma evolução quase como em 2019. Estamos a ter a procura quase
idêntica a 2019, é um novo renascer, é um sinal de confiança que estamos
a ter todos, penso que para todos nós é um sinal de alegria”, declarou.Mais acima, a grande quantidade de pessoas no exterior, revela que o restaurante A Tasca é um dos mais solicitados da ilha.“Nós
já tínhamos tentado vir aqui anteontem [domingo], mas não conseguimos.
Agora tivemos de fazer reserva”, disse Vítor Silva, visitante, natural
de Lisboa, que se preparava para entrar no restaurante.O
turista confessou estar surpreendido com a “quantidade de gente” que se
encontra na ilha, mas reconhece que tal afluência “é muito importante
para a economia local, sobretudo depois de uma crise”.“Temos
visto muita gente em quase todos os locais. Nos restaurantes não é
fácil ter lugar. Ao menos é bom que não temos de mostrar certificado
digital verde à entrada”, gracejou.Lá
dentro, a responsável pela A Tasca, Raquel Silva, reconheceu que a
permissão de ter oito pessoas por mesa “vai ajudar um bocado”, mas
salientou que em termos de horário as novas medidas “não vão ter muito
impacto”.“Não
conseguimos fechar mais tarde porque não temos pessoal para trabalhar. A
verdade é essa. Antes da pandemia, fechávamos à 01h00. Se houvesse
pessoal para trabalhar, voltávamos a fechar à 01h00. O problema é que
não há gente para trabalhar”, realçou.Antes
da pandemia da Covid-19, a Tasca abriu um novo espaço, ao lado do
restaurante, dedicado a 'snacks' e “comida de rua”. Um espaço que ainda
não reabriu por “falta de mão-de-obra”.“Penso
que o pior já passou, a não ser que apareça uma qualquer outra
variante. Agora há turismo, podemos abrir, mas só que não temos pessoal
para trabalhar”, assinalou.