Nova proposta do orçamento plurianual da UE continua a prever cortes na coesão e PAC
14 de fev. de 2020, 14:32
— Lusa/AO Online
Os números da proposta, divulgada esta sexta-feira, em
Bruxelas, e que será discutida pelos chefes de Estado e de Governo da
União Europeia (UE) numa cimeira extraordinária que terá início em 20 de
fevereiro, são muito semelhantes àqueles apresentados pela presidência
finlandesa do Conselho da União no segundo semestre do ano passado
(1,07% do RNB dos 27), considerada “inaceitável” por Portugal, e
continuam a contemplar cortes na coesão e na Política Agrícola Comum
(PAC).A proposta contempla um envelope
global de 1.094 mil milhões de euros a preços correntes, destinando 323
mil milhões de euros aos fundos da política de coesão (contra 367,7 mil
milhões do atual quadro financeiro 2014-2020, já sem contar com os
contributos do Reino Unido) e 329,3 mil milhões de euros para a Política
Agrícola Comum (contra 367,7 mil milhões do orçamento plurianual ainda
em curso).Um grupo alargado de
Estados-membros, denominados os “Amigos da Coesão”, com Portugal à
cabeça, têm reafirmado a sua firme oposição a cortes sobretudo nesta
política, assim como na PAC.Questionados
sobre como pode o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, – que
chamou a si a condução das negociações – esperar um entendimento entre
os 27 em torno de uma proposta que, em termos gerais, é muito semelhante
à finlandesa liminarmente rejeitada pela grande maioria dos
Estados-membros, altos responsáveis do Conselho disseram hoje que é
necessário atender aos interesses e reivindicações de todas as capitais,
recordando que, se por um lado, há quem rejeite cortes, também há
países (os contribuintes líquidos) que não querem contribuir com mais de
1% do RNB, pelo que a proposta é, dizem, “equilibrada”.Sobre
a ameaça de veto, quer por parte de países “Amigos da Coesão”, quer por
parte do Parlamento Europeu, dado a proposta continuar a preconizar
cortes na política de coesão, os mesmos responsáveis afirmaram que,
apesar de os valores realmente serem semelhantes ao da última proposta
finlandesa, há “uma mecânica diferente” e o documento que vai ser
colocado sobre a mesa dos líderes na cimeira da próxima semana contempla
“uma maior flexibilidade nos fundos” e “maiores taxas de
comparticipação financeira” por parte da UE, além de um "reequilíbrios"
nos dinheiros destinados à PAC, transferindo verbas do chamado Segundo
Pilar (desenvolvimento regional) para o Primeiro Pilar (pagamentos
diretos).A proposta elaborada por Charles
Michel continua a ser inferior àquela apresentada originalmente pela
Comissão Europeia (que contemplava contribuições de 1,114% do RNB), e
muito aquém do valor de 1,3% do RNB defendido pelo Parlamento Europeu,
que tem a última palavra no processo negocial, dado o futuro quadro
financeiro plurianual necessitar de ser aprovado por uma maioria da
assembleia.