Nova ilha poderá estar a surgir entre Faial e São Jorge
13 de dez. de 2019, 19:11
— Lusa/AO online
“Pelo tipo de sismo, pela
cadência, pela periodicidade, pela energia Richter e repercussões nas
ilhas vizinhas, que são Faial e São Jorge e, por vezes, Pico,
suspeita-se que há movimentos ascendentes no fundo do mar, sendo a
evolução natural o aparecimento de uma ilha”, declara o presidente do
Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores.O
vulcanólogo refere que se têm vindo a registar “crises sucessivas”, ao
longo dos anos, no arquipélago, com “intervalos de dois anos”, e o
surgimento de uma nova ilha “não é nada de extraordinário porque as
ilhas são ativas e condensam movimentos tectónicos, seguidos de
vulcânicos”.Para o antigo docente da
Universidade dos Açores, o fenómeno seria “melhor seguido” com um
levantamento batimétrico e com recurso a um ROV, um veículo submarino
operado de forma remota, visando apurar se há fissuras, deslocamentos e
alterações topográficas.Segundo Victor
Hugo Forjaz, a Marinha portuguesa “já deveria ter feito um levantamento
no sentido de se perceber melhor os movimentos do fundo do mar naquela
zona”, sublinhando que “não há perigo de maior” para a ilha do Faial,
uma vez que a zona fica “bastante afastada, cerca de 25 a 30
quilómetros”.O especialista recorda que
nos Açores já emergiram ilhas que depois voltaram a desaparecer,
exemplificando com o banco D. João de Castro, ao largo da ilha Terceira,
que “esteve fora do mar durante um certo tempo”, tendo “falhas
geológicas provocado o seu abatimento”, sendo previsível que volte a
emergir.O vulcanólogo defende a instalação
nos Açores de OBS, que são sismógrafos submarinos, que o Instituto
Português do Mar e da Atmosfera possui, ressalvando que houve uma equipa
estrangeira que já operou na região com este equipamento, tendo
recolhido dados “muito interessantes” a que a Governo Regional e a
Universidade dos Açores não têm acesso.Para
Victor Hugo Forjaz, a existência dos OBS seria o “tira-teimas entre os
que acreditam que há movimentos verticais importantes e os que os
negam”.A Rede Sísmica do Arquipélago dos
Açores tem vindo a registar desde novembro centenas de sismos, alguns
dos quais sentidos pela população, numa zona localizada aproximadamente
entre os 25 e os 30 quilómetros a oeste da freguesia de Capelo, na ilha
do Faial.