Nova disposição dos cabos submarinos que “prejudica” São Miguel
23 de jan. de 2023, 20:14
— Lusa
Em
comunicado, a associação representativa dos empresários micaelenses
considera “muito preocupante” que se realize uma “alteração estrutural
da configuração existente” dos cabos submarinos “sem “divulgar os
estudos técnicos que a suportam”, lembrando que atual disposição “tem
funcionado bem”.“Uma opção sobre uma
infraestrutura tão importante para o futuro do nosso desenvolvimento
digital e socioeconómico deveria ser sujeita a avaliação técnica por
especialistas externos e a um debate público sobre o assunto”, defende.Em
causa está o facto de o cabo submarino CAM (continente-Açores-Madeira)
entrar primeiro na ilha Terceira, seguindo depois para a ilha de São
Miguel, onde ligará ao cabo já existente para o arquipélago da Madeira.Para
a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, a nova configuração é
uma “solução errada”, porque “prejudica” São Miguel, a ilha com a
“maioria do tráfego e das infraestruturas digitais”.Os
empresários avisam que as “oportunidades de melhoria para alguma ilha
em particular, não podem, em caso algum, ser concretizadas em prejuízo
da situação atual de qualquer ilha”.“Existem
soluções alternativas que devem ser adotadas, que melhoram o sistema
sem prejudicar nenhuma ilha, ao contrário do que acontece com a proposta
que veio a público e que prejudica gravemente o potencial
socioeconómico de São Miguel”, critica.A
associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria defende
ainda que o objetivo da configuração dos cabos submarinos deve “assentar
na minimização de riscos” e na “otimização da operação”.A Câmara
do Comércio de Ponta Delgada expressa também preocupação com a situação
do anel de ligação entre as ilhas açorianas, uma vez que a sua
substituição não está prevista no processo de instalação dos novos cabos
submarinos entre o arquipélago e o continente.Em
13 de janeiro, o Chega/Açores pediu esclarecimentos ao Governo Regional
sobre o “desvio” para a ilha Terceira da principal ligação de cabos
submarinos à região, questionando se a ilha de São Miguel perderá a
ligação submarina direta a Lisboa.Em
requerimento, o deputado e líder do Chega/Açores, José
Pacheco, salientou que São Miguel “concentra mais de metade da população
(56%) e é o motor económico dos Açores com 58% do PIB” (Produto Interno
Bruto), questionando se a ilha ficará “prejudicada ou poderá perder
competitividade com o facto de deixar de ter a ligação direta ao
continente”.Três dias depois, o presidente
da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo disse que a opção de ligar o
cabo submarino do continente português à ilha Terceira foi
“estritamente técnica”, acusando o deputado do Chega/Açores de
“bairrismo”.