Norte-americanos decidem Congresso em clima de forte polarização
EUA/Eleições
8 de nov. de 2022, 12:19
— Lusa/AO Online
Para
muitos analistas, estas eleições são uma espécie de referendo ao
Governo do Presidente Democrata Joe Biden, mas são igualmente um teste à
popularidade do ex-Presidente Republicano Donald Trump, que apoia
vários candidatos presentes nos boletins de voto, tornando o processo
muito participado e polarizado.As mais
recentes sondagens indicam que os Republicanos têm fortes probabilidades
de retirar o controlo da Câmara de Representantes e do Senado aos
democratas, num resultado que pode criar dificuldades acrescidas ao
Governo de Joe Biden para fazer aprovar medidas no Congresso.A
derrota dos Democratas não será uma surpresa, não apenas pela fraca
popularidade de Biden, mas também porque, nas últimas 25 eleições
intercalares, apenas por três vezes o partido que controla a Casa Branca
conseguiu vencer.A agenda de campanha dos
dois partidos foi substancialmente diferente, com os Republicanos a
apostar nas críticas à política de imigração de Biden, bem como à
dificuldade de gerir o aumento da inflação (que está acima dos 8%) ou o
aumento da violência urbana; e com os candidatos Democratas a apostar na
agenda social, nomeadamente a proteção do direito ao aborto ou o
aumento do número de empregos na economia.Uma
das novidades desta campanha foi o tema da transparência democrática,
com um número elevado de candidatos Republicanos (considerados
‘negacionistas’) a assumirem que acreditam que o resultado eleitoral das
presidenciais de 2020 (que deu a vitória a Biden) foi consequência de
“roubo político” e a alimentarem a possibilidade de não aceitarem o
resultado das intercalares de hoje, por suspeita de nova fraude.Na
reta final de campanha, os Democratas trouxeram para o palco de vários
comícios Joe Biden e o ex-Presidente Barack Obama, que aproveitou para
apelar à mobilização do seu partido, alegando que é a própria
sobrevivência da democracia norte-americana que está em causa nestas
eleições.Biden e Obama passaram, em
campanha, este fim de semana, pelo Estado de Pensilvânia, considerado um
dos pontos decisivos para a tentativa de manutenção do controlo do
Congresso.Donald Trump também passou pela
Pensilvânia, no sábado, antes de se dirigir para a Florida – outro
estado tradicionalmente relevante para a noite eleitoral – com uma
mensagem que prenunciou a sua entrada na campanha presidencial de 2024,
tirando proveito da sua forte popularidade junto dos eleitores
Republicanos (mais de 70% destes consideram-no a figura mais bem
colocada para voltar a colocar o partido na Casa Branca).A
forte polarização nesta campanha leva os analistas a acreditarem que a
participação eleitoral será elevada (tal como aconteceu nas
presidenciais de 2020) e o voto antecipado (que se iniciou há várias
semanas, presencialmente e por correspondência) já deu indicações nesse
sentido.