Normalidade regressa à rua das esplanadas no bairro lisboeta de Telheiras
Covid-19
5 de abr. de 2021, 15:03
— Lusa/AO Online
No
âmbito da segunda fase de desconfinamento, por causa da pandemia de
covid-19, restaurantes, pastelarias e cafés que tenham esplanada podem
reabrir os espaços ao ar livre, mas com grupos limitados a um máximo de
quatro pessoas por mesa, encerrando às 22h30 de segunda a sexta e às
13h00 ao fim de semana.Naquela que é
conhecida como a "rua das esplanadas", Liliana tomou hoje o seu primeiro
café em meses, não escondendo que se sente "um bocado o voltar à
liberdade".“Acho que é também um regresso à
nossa normalidade e pensar nas pessoas que têm este tipo de comércio,
porque nós em casa quase todos conseguimos beber café, mas é também para
ajudar aqui a economia”, afirmou.Na
esplanada do lado, Mariana conta que tomar um café fora “é um daqueles
pequenos prazeres” pelos quais estava ansiosa e hoje foi das primeiras
coisas que quis fazer: tomar um café descansada numa esplanada.Também
a antiga professora de Física Anabela demonstra uma “alegria enorme”
por voltar a estar com as suas amigas na esplanada. Reconheceu que não
podem estar todas juntas, mas quatro a quatro vão colocando a conversa
em dia.“Comunicamos muito por ‘whatsApp’,
mas estou cada vez mais longe da realidade, é preciso esta vivência com a
pessoa”, explicou, contanto que de manhã cedo se emocionou com o
“chilrear das crianças” que voltaram à escola que fica perto da casa
onde mora.“Até fiquei comovida”, disse com a voz meio embargada.Pela
primeira vez em meses, Filipa montou hoje com "muita alegria e muita
expetativa" as mesas e cadeiras da esplanada do seu negócio.“Estava
mesmo à espera deste dia, está a ser muito bom. Os clientes têm sido
maravilhosos, as pessoas vão retomando os seus espaços habituais”,
reconheceu a empresária, que durante o confinamento esteve a servir ao
postigo.No entanto, alertou que “não há
rosas sem espinhos”, aludindo ao horário de encerramento dos
restaurantes, cafés ou confeitarias ao fim de semana, fixado 13:h0 e não
nas 22h30, como acontece aos dias de semana.“O
domingo até não seria muito complicado, mas o sábado à noite vai uma
fatia complicada [de lucros], mas temos de começar a trabalhar por algum
lado”, reconheceu.Para Nuno Mendes, que
tomava uma bebida com um colega, está a “ser maravilhoso” poder voltar a
sentar-se numa esplanada: “Já fazia falta no meu caso e a tantos
portugueses que estão em casa em teletrabalho há tantos meses”.Um
pouco mais à frente, Cristina Almeida também reconheceu que o regresso
“está a ser bom”, frisando que as pessoas “estavam ansiosas por este
dia”.“O confinamento foi com muito custo
para todos. As pessoas estavam com saudades do café, da nossa
esplanada”, salientou, avançando que, até ao final da manhã, não teve
qualquer problema de incumprimento de regras por parte dos clientes.Em
relação aos horários de fim de semana, Cristina Almeida coloca “alguns
pontos de interrogação”, por não compreender o motivo pelo qual os
supermercados podem ficar abertos até mais tarde e estes espaços
comerciais terem de encerrar às 13h00.“Acho que as pessoas saem daqui e a aglomeração vai ser nos supermercados”, alertou.Esta
é também uma das preocupações de um outro proprietário da "rua das
esplanadas". Filipe disse à Lusa temer que as pessoas se concentrem
todas nas esplanadas ao fim de semana durante a manhã, tendo em conta o
fecho obrigatório às 13h00.“Seria bom
analisar os horários de sábado e domingo e poder ser até às três da
tarde, como já aconteceu no ano passado. Seria mais descontraído para
todos”, advertiu.Francisco Tomás, dono de
um outro café, reconheceu que o negócio “está a ser melhor do que a
venda ao postigo”, contando que se vê “mais gente e mais vida” na rua.Também
Francisco refere que o horário durante o fim de semana vai proporcionar
a aglomeração de "mais pessoas”, tendo em conta que não é igual ao dia
se semana,“Era menos perigoso”, reconheceu.Na
passada quinta-feira, aquando do anúncio das atividades que iriam abrir
hoje, segunda fase do desconfinamento, o primeiro-ministro, António
Costa, recomendou que se mantenham “todas as cautelas”. “As
esplanadas poderão abrir, mas gostaria de recordar que não pode haver
grupos com mais de quatro pessoas e que, mesmo na esplanada, devemos
manter todas as cautelas”, afirmou, na conferência de imprensa após o
Conselho de Ministros, no qual o executivo decidiu avançar com a segunda
fase do plano de desconfinamento, conhecido a 11 de março.“Obviamente,
quando estamos a tomar o café, seguramente não estaremos com máscara.
Quando permanecemos no café, mesmo ao ar livre, devemos manter a
máscara”, acrescentou o governante.Hoje,
as lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados deixam
de ter de vender ao postigo e passam a poder ter as suas portas
franqueadas ao público, para, de acordo com a rotação e as regras da
Direção-Geral da Saúde, poderem fazer atendimento presencial.