Nordeste pede “regime de exceção” nos programas ocupacionais
19 de jul. de 2022, 11:27
— Lusa/AO Online
O presidente da Câmara Municipal do Nordeste, António Miguel Soares,
pediu ontem ao Governo Regional uma “discriminação positiva” e um
“regime de exceção” para concelhos com “especificidades”, como o do
Nordeste, ao nível dos programas ocupacionais, face a uma taxa de
desemprego “preocupante”. “É em alturas destas que os concelhos com
as características do Nordeste devem ser olhados pelos governantes de
forma diferenciada, através de uma discriminação positiva que vá ao
encontro das reais necessidades das suas populações”, afirmou António
Miguel Soares, no discurso que proferiu durante a sessão solene
comemorativa dos 508 anos da elevação do Nordeste a Concelho. Dirigindo-se
ao Governo Regional e diretamente ao seu presidente, José Manuel
Bolieiro, o autarca do Nordeste afirmou que “vivemos tempos difíceis com
uma taxa de desemprego preocupante, tornando-se necessário um regime de
exceção para o Nordeste, através de uma alteração da legislação
regional relativamente aos programas ocupacionais, possibilitando aos
trabalhadores que se encontram em situação de desemprego o acesso ao
trabalho, ultrapassando as dificuldades por que atravessam e melhorando
as condições de vida das suas famílias”.António Miguel Soares
apelou mesmo no seu discurso “ao senhor presidente do Governo Regional
dos Açores, Dr. José Manuel Bolieiro, que junto da sua equipa possa
arranjar soluções para reverter a atual legislação regional no que se
refere ao acesso aos programas ocupacionais em concelhos com as
especificidades do concelho do Nordeste”.Recorde-se que, segundo
dados divulgados recentemente pelo Governo Regional, a Câmara Municipal
do Nordeste era no final de junho a terceira autarquia dos Açores com
mais pessoas em programas ocupacionais (132), apenas superada pelas
Câmaras Municipais da Lagoa (148) e Povoação (221). No seu
discurso, António Miguel Soares lembrou que o Nordeste “é um concelho
periférico, afastado do grande centro urbano de Ponta Delgada, com
especificidades muito próprias e uma economia local mais suscetível às
dificuldades que a conjuntura atual pode trazer”, salientando ainda que o
Nordeste “é um concelho com um tecido empresarial frágil, necessitando
de políticas concretas e direcionadas à verdadeira realidade das suas
empresas e dos seus empresários”.António Miguel Soares afirmou
também que o Nordeste precisa “de mão-de-obra qualificada que satisfaça
as necessidades das nossas empresas”, bem como “de formação profissional
que vá ao encontro das verdadeiras carências do nosso tecido
empresarial”, apelando às escolas profissionais para que disponibilizem
cursos técnicos “ligados às áreas da construção civil e pecuária”, sendo
este, aliás, o grande motivo pelo qual “o tecido empresarial e as
instituições do Nordeste não conseguem absorver toda a mão-de-obra
existente” no Concelho. No seu discurso, António Miguel Soares
afirmou ainda que o Concelho do Nordeste “trespassa as nossas barreiras
geográficas, espalhando-se pelos quatro cantos do planeta através dos
nossos emigrantes radicados por esse mundo fora, com especial relevância
para as grandes comunidades de nordestenses a residir no Canadá e
Estados Unidos da América” e referiu os dois homenageados no dia de
ontem - José Maria da Rocha e António Raposo - agradecendo a estes dois
homens “que pela sua dedicação, trabalho e amor a esta terra elevaram o
nome do Nordeste”.