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Nomeada comissão histórica para estudar a abertura do processo de beatificação de Madre Teresa da Anunciada

O Bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, nomeou, no dia em que a diocese assinalou 491 anos de existência, a comissão histórica que irá analisar a vida e as virtudes da Madre Teresa da Anunciada, a religiosa micaelense do século XVII, associada à origem do culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres.


Autor: Rui Jorge Cabral

Conforme refere o Sítio Igreja Açores, a comissão será presidida pela historiadora Margarida Sá Nogueira Lalanda e marca um passo decisivo na abertura do processo de beatificação de Madre Teresa da Anunciada, de forma a que a sua causa seja aberta a nível diocesano, faltando ainda a nomeação posterior da comissão teológica e de um postulador.

Refira-se que a comissão histórica será responsável por estudar a documentação, as fontes e o contexto de vida de Madre Teresa da Anunciada, validando as provas históricas e espirituais necessárias para que possa ser oficialmente reconhecida pela Igreja Católica como Beata, o primeiro passo no caminho da Santidade. 

Conforme revela o Sítio Igreja Açores, Margarida Lalanda é doutora em História da Cultura e das Instituições, sendo professora aposentada da Universidade dos Açores e investigadora do CHAM – Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa. 

Esta investigadora é reconhecida pelos seus estudos sobre religiosas, cultura conventual e práticas sociais nos Açores entre os séculos XVI e XVIII.

Farão também parte da equipa António Camões Gouveia, historiador e professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Paula Almeida Mendes, linguista e historiadora, sendo investigadora na Universidade do Porto. 

Citado pelo Sítio Igreja Açores, o reitor do Santuário do  Santo Cristo, Manuel Carlos Alves, afirma que a criação desta comissão histórica “é um trabalho que agora se inicia e que esperamos passe e acabe em Roma”, de uma forma sólida e conclusiva.

O cónego Manuel Carlos Alves explica igualmente que  “depois da nomeação da comissão histórica irão seguir-se as outras nomeações e esperemos que também com o auxílio das vossas orações o processo comece a avançar de forma imparável”. Uma afirmação feita no final da missa no âmbito da celebração dos fiéis defuntos, que a Igreja Católica celebrou a 2 de novembro.

“Ao longo dos tempos muitas vezes têm acontecido os reinícios, assim se pode dizer, do processo, mas depois por uma razão ou por outra, até porque as pessoas também vão cedendo o seu lugar na vida, vão falecendo e o trabalho fica a meio. Esperemos que desta vez seja um trabalho a começar e acabar em Roma para que haja a resposta da Igreja acerca da beatificação de Madre Teresa da Anunciada”, disse o reitor do Santuário do Santo Cristo, citado pelo Sítio Igreja Açores. 

O cónego Manuel Carlos Alves prometeu ainda que este ano e o próximo serão dedicados a esta causa “com muito afinco”, estando este ano previsto o descerramento da estátua de Madre Teresa da Anunciada no pátio da roda do Convento da Esperança, por ocasião da festa de Cristo Rei, um gesto simbólico que reforça a ligação entre a religiosa e o culto do Santo Cristo.

Conforme explica o Sítio Igreja Açores, Teresa de Jesus nasceu em 1658 na Ribeira Seca, Ribeira Grande. Mais tarde conhecida como Madre Teresa da Anunciada, entrou em 1682 para o Convento da Esperança, em Ponta Delgada, onde dedicou toda a sua vida à promoção do culto do Senhor Santo Cristo. A sua devoção, caridade e firmeza espiritual tornaram-na um exemplo de fé e amor a Deus, sendo considerada já em vida uma mulher de virtudes heroicas.

Embora o processo de beatificação tenha sido iniciado em 1740, nunca chegou a ser concluído. A reativação da causa, agora com nova comissão histórica é vista, por isso, como um sinal de esperança por parte do Santuário do Santo Cristo, que há séculos mantém viva a devoção inspirada por Madre Teresa da Anunciada. n