Nomeação de Walz assinalada com ceticismo nas redes sociais da China, onde viveu um ano
EUA/Eleições
7 de ago. de 2024, 16:06
— Lusa/AO Online
O
facto não foi, porém, esquecido pelos utilizadores das redes sociais
chinesas que recordaram que Walz, professor de História e treinador de
futebol antes de se dedicar à política, passou um ano a ensinar inglês e
História dos EUA numa escola secundária da cidade de Foshan, na
província de Guangdong, sudeste da China, em 1989, ano do massacre dos
manifestantes da Praça Tiananmen, em Pequim. “Um
rival que nos conhece tão bem é perigoso”, comentou um utilizador na
rede social Weibo, equivalente à rede social X, enquanto outro
sublinhou que "muitos dos estrangeiros que viviam no país nessa altura
eram espiões ou maltratavam a China".“A
verdade é que ele estava numa China muito diferente da atual”, disse
outro internauta, que manifestou esperança de que a experiência de Walz
no terreno “sirva, pelo menos, para promover os intercâmbios culturais”
entre os dois países.Outro utilizar advertiu que “quem ganhar em novembro não vai ser simpático para a China”.A
imprensa estatal chinesa noticiou a nomeação de Walz, que será o
companheiro da candidata democrata à Casa Branca (presidência
norte-americana) Kamala Harris, atual vice-presidente, nas eleições de
novembro, e analisou a sua personalidade política, mas omitiu qualquer
menção à sua passagem pelo país.A nomeação de Tim Walz foi anunciada na terça-feira.Em
setembro de 1990, depois de regressar da China, Walz publicou um artigo
no jornal Star-Herald em que descreveu a sua estadia no país como “uma
das melhores coisas” que alguma vez tinha vivido.No
artigo, sublinhou que tinha sido tratado “excecionalmente bem”, que não
havia “qualquer sentimento antiamericano na China” e que muitos dos
estudantes chineses queriam estudar nos Estados Unidos no futuro.No
mesmo texto, Walz contou que viajou mais de 40 horas de comboio para
visitar Pequim e a Praça Tiananmen, onde teve lugar o massacre.“Esse
lugar guardará para sempre muitas recordações amargas”, afirmou no
artigo, no qual acusou o Governo chinês de “mentir ao povo durante
anos”.“Não há limites para o que os
chineses podem alcançar se tiverem a liderança certa. São pessoas tão
amáveis, generosas e capazes”, acrescentou.A China tem evitado comentar as eleições presidenciais norte-americanas, marcadas para 05 de novembro.Nas
aparições públicas, os porta-vozes do Ministério dos Negócios
Estrangeiros chinês limitaram-se a afirmar que as eleições são “um
assunto interno” dos EUA e que “não farão comentários sobre o assunto”.