Nome de Leão XIV cria expectativa sobre atenção a questões sociais pelo novo pontífice
Papa
8 de mai. de 2025, 19:03
— Lusa/AO Online
Leão XIII,
Vincenzo Gioacchino Pecci, nasceu em Carpineto (Itália) em 1810 e morreu
em Roma em 1903, tendo sido eleito Papa em 1878.Foi
considerado um pontífice “das encíclicas”, pois publicou dezenas delas,
embora a Rerum Novarum, de 1891, se destaque como a primeira grande
encíclica social, que analisava a situação das classes trabalhadoras.Se,
como é habitual dizer-se, o nome de um Papa encerra todo um programa, o
nome de Leão XIV assumido pelo Papa hoje eleito, pode indicar que as
questões sociais, nomeadamente as que respeitam ao mundo do trabalho,
estarão entre as preocupações do seu pontificado.Na
introdução da Rerum Novarum, Leão XIII lembrava que, “a sede de
inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa
agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política
para a esfera vizinha da economia social”.“Efetivamente,
os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que
entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os
patrões, a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número ao lado
da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os
operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto,
sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível
conflito”, escrevia o Papa Vincenzo Pecci naquela encíclica datada de 15
de maio de 1891.Em pleno período
pós-Revolução Industrial, Leão XIII assegurava ter-lhe parecido oportuno
falar da “Condição dos Operários”, a fim de “pôr em evidência os
princípios de uma solução, conforme à justiça e à equidade”.“O
problema nem é fácil de resolver, nem isento de perigos. E difícil,
efetivamente, precisar com exatidão os direitos e os deveres que devem
ao mesmo tempo reger a riqueza e o proletariado, o capital e o trabalho.
Por outro lado, o problema não é sem perigos, porque não poucas vezes
homens turbulentos e astuciosos procuram desvirtuar-lhe o sentido e
aproveitam-no para excitar as multidões e fomentar desordens”, escrevia o
Papa da transição do século XIX para o século XX.Muitos consideram que esta encíclica, já com 134 anos, continua atual.Aquando
dos 130 anos, Manuel Pinto, no jornal 7Margens, recordava que “do ponto
de vista dos problemas e preocupações enunciados pelo Papa”, alguns
temas continuam a ter pertinência.E como
exemplos, apontava “a gravidade de descurar as condições dignas do
trabalho operário”, a “importância de se instituir algum tipo de
proteção social”, “a preocupação de que no valor do salário se tenha em
conta também a família e a sua subsistência” ou “uma atenção especial às
condições e exigências particulares do trabalho de crianças e das
mulheres, considerando em especial, neste caso, o papel da maternidade”.O
cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi hoje eleito Papa pelo
colégio cardinalício, ao segundo dia do conclave que se seguiu à morte
do Papa Francisco, ocorrida no dia 21 de abril.O novo Papa, assumiu o nome de Leão XIV, e era até agora Prefeito do Dicastério para os Bispos, desde 12 de abril de 2023.Considerado um progressista ou reformista, foi criado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório de 30 de setembro de 2023.É o primeiro Papa americano da história da Igreja Católica.